
À Procura do Poeta e da Vida no meio dos Peixes
Data 20/11/2006 11:31:08 | Tópico: Poemas
| O que o Mundo diz não se escreve nem se tem em conta! E o que os Homens fazem também não! Então, que tenho eu a dizer se não que está calor Um calor monstruosamente tremido e gélido?! E que me doem as pernas e os músculos e os olhos! E que me dói a mente a alma e o Ser! Mas eu não sou… E se sou, desculpem mas Não Quero Ser! E o Resto? O Resto apenas É! E embora eu não saiba o que É nem o que Foi e muito menos o que virá a Ser, É, apenas, e É-lo muito!
Vejamos e digamos: Estou enviesadamente e inteiramente disperso! Porque o Resto foi e eu não fui, tentei, mas não deu! E só comigo, vim buscar o aconchego de um Poeta… Poeta, na poderosa e imbatível essência de o Ser! Virei-me de costas para não o importunar… (Os Imortais merecem e regurgitam-se com o seu altar!) E defronte à beleza parada da Vida frenética envolvente, Mergulho com os Peixes da água podre! E como é estrondosamente belo o Mundo visto do verde-sujo! Pedi aos Peixes para nadar com eles no Nada que Tudo possui (Sim, porque Tudo o que carecem, têm, sem querer ter mais) Mas rejeitaram-me! São estranhamente inteligentes e eu percebo-Os: Para quê um negro gasto em redor de tanta Vida?! Obrigo-me a apoiá-Los e retorno ao Poeta Imortal. (Que ironicamente vê apenas o que lhe mostram…) Mas eu invejo-o.
Ó Poeta deixa, por isso, que eu me enterre junto de ti E possa, desta forma, reaver o raio de Vida e do Sonho que hoje perdi!... <br />Há momentos na nossa efémera passagem por determinados locais, em que nos dá vontade de lá permanecer indefinidamente... Foi o que me aconteceu, no meio primeiro dia de aulas do ensino superior, quando tudo parecia virado contra mim, num único propósito, que era enterrar-me. Estava exausto e cheio de uma enorme dor interior. Encontrei, subitamente, o Jardim da Cordoaria no Porto, onde existe um lago e uma estátua de António Nobre (um dos poetas realmente POETAS) e perdi-me naquele local. Daí resultou este poema... Um profundo retrato do momento que vivi compulsivamente! 25 Setembro 2006
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