
Volte Sim
Data 19/05/2012 10:50:57 | Tópico: Poemas
| Volte sim. Olha, eu sei o quanto me custou ter perdido o que a vida sempre me negou. Depois de tantos choros e tantos mau-agouros, eu sei como dói essa cicatriz pelo mal que te fiz,
Hoje eu sei, moça, o quanto me pesa ter quebrado essa louça. Esse eterno e incerto ir (lembra de Heráclito e do Devir?), essa casa em silêncio, a mesa vazia e a cama sempre fria.
Volte sim. Agora eu sei o quanto que contigo errei. E por isso peno como Aasvero (impresso com chapa de madeira, lembra?) a sempre andar. Sempre errar. Porque eu não soube te amar.
Já não vejo nos olhos do meu filho aquele intenso brilho, que por você existiu. É inútil colar os pedaços. Contigo, vida partiu.
De que me adianta ter esse espaço quando sei que é fruto do meu fracasso? Para que essa liberdade se ainda te espero em todo fim de tarde?
E é essa consciência tão dolorosa, o prato que me serve essa ressaca horrorosa.
Tanta saudade de tanta conversa à toa, de tanta risada boa, de tantos verso, de tanto místico Universo, de tanta filosofia, de tanta mitologia, de tantas leituras (benzinho, atenção à pergunta. Lembra?) de tantas ternuras . . .
Lembrança do teu corpo perfeito, de como amo esse teu jeito. Dos teus perfumes, dos meus ciúmes. Do teu riso branco, das tuas mãos, do gesto franco e destes teus olhos semi orientais (bonitos como cristais)
E tanto mais a te lembrar . . .
Revivo minha agonia por saber que tão pouco te protegia. Revivo as noites em claro, a ânsia pelo verso raro e pelo poema em que te diria: preta, eu te amo mais a cada dia.
E ainda há tanto a lembrar . . .
E é nesse parto tenebroso, que tento renascer. E é esse novo homem que quer te dizer:
Volte sim.
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