
Nix & Brahman
Data 12/05/2012 05:23:45 | Tópico: Poemas
| hoje desisti dos outros coloquei o mundo entre parênteses e joguei as chaves fora desperdicei todas as horas duma vez por todas deixei só o eterno o pra sempre e o sem fim do lado de dentro do meu universo em órbita na luz de brahman
despedacei meus castelos apaguei meu nome do livro da vida pus fogo em clepsidras e ampulhetas coloquei reticências no meu dia-a-dia
prometi chorar fogo das veias jurei que erraria sempre que possível e pra isso fiz um acordo comigo selei a paz com a língua como cartas que enviei para todos os meus amores na ilha dos bem aventurados
(e eu, onde estarei? no máximo no inferno ao lado de Camões)
apaixonei-me por deus setenta vezes sete previ o fim do mundo como nabucodonosor fiz versos pra olhos que nunca olharam os meus acreditei nos campos elíseos tive horas em que fui brahma noutras destruidor mas no fundo mesmo sou buraco negro num poema de Rimbaud
após tudo sobrou apenas Nix e minha mente inquieta numa noite longa torcendo pro poema terminar como os meus dias: inesperadamente vem o sono e eu nunca lembro quando nem porque veio só sei que é dormir sensação de nirvana
daí o poema cai no chão quebrando-se feito vidro cacos e sangue por todos os lados formando uma nova constelação ou versos de Emily Dickinson
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