
Reciclagem
Data 04/05/2012 19:34:32 | Tópico: Poemas
| Três fadas sonharam que não sonharam com três pardais poisados nos cabos do telefone. Os cabos, pedurados entre os postes plantados junto à estrada, balaçavam com o vento, embalando os passarinhos de papo cheio. As fadas continuavam a sonhar despreocupadas. Lançou-se, então, uma das avezinhas, em voo vivo, batendo as pequenas asas em grande afã. Ficaram lá dois, poisados no balanço dos cabos. As fadas acordaram do sonho que não sonharam e olharam para o ar azulado do céu limpo. Viram a dança contra o cenário. E cresciam as asas do pardaleco voador. Cresciam e cresceram sem esforço, até que ficaram grandes, largas e abertas. O bichito deixou de se ver entre elas e o céu ficou tão coberto que também se deixou de ver atrás delas. Eis senão quando, uma das fadas saltou para os cabos do telefone e se sentou ao lado dos dois passaritos que lá tinham ficado. A fada encolheu tanto que pardal se fez e, o voador de asas, agora, grandes aterrou ao pé das outras duas fadas. Fechou as asas. O céu abriu de azul novo. O pássaro , de pássaro nasceu fada e, de novo, as três adormeceram em sonho que não sonha com os pardais poisados nos cabos do telefone. Os cabos continuaram a balançar com o vento, embalando os passaritos de papo cheio. Amanhã haveria mais.
Valdevinoxis
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