
Degeneração
Data 02/05/2012 21:56:22 | Tópico: Poemas
| Não me diga para resistir quando estou perdendo a consciência Venha me massacrar por todos os meus pecados Acabar com o que resta de meus membros exaustos Retirar meus pensamentos de morte e concupiscência
Meu coração quer dilacerar o corpo Despontar de dentro dessa carne que enfraquece Não suporta o odor de um quase morto Ser que estertora e apodrece
Em uma quase vida Minha estrutura emagrece Os meus líquidos secam Em uma quase ida
Minha carcaça abriga Vermes que se apoderam Monstros que dilaceram Procurando comida
Testemunho o festim com meus olhos alucinados Uma gargalhada desfigurada foge de minha garganta Escuto os gritos do meu espírito assustado Aflito por estar cravado mais fundo que minhas entranhas
Urros de alegria dentro dos meus órgãos Brutos parasitas satisfeitos a bailar A festança mais funérea de toda a minha vida A gargalhada se distorce, eu começo a bradar
Meu protesto de remorso é apenas indução Para as crias, criaturas frias que nasceram por minhas mãos Remover mais de meu todo, meu corpo fica oco Meu dorso se arqueia com dor maior e aflição
Convidei-os a carcomer, abocanhar e devorar Mas a minha condição incitou o meu querer A vontade de sentir algo bom me debelar Mas por que não dizer a vontade de viver?
Em minha rendição já não posso optar O que me resta é muito pouco: implorar e esperar Que os famélicos seres não suprimam o interior Ou ao menos deixem restos para eu me recompor.
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