
Os Uivos da Multidão
Data 19/04/2012 05:53:05 | Tópico: Poemas -> Intervenção
| Calai-vos, ó rudes ventos das tempestades Pois, que incitais os mares e as correntes A arrastarem tanto coitados, como valentes, Entre fortes torrentes, e vagas de iniquidades E fazeis as multidões rangerem os seus dentes Ao verem utopias a transformarem-se em verdades
Parai, ó grossas chuvas, porque já de tudo inundais De profundas feridas, e de tantas outras coisas mais, As almas, que doridas, se arrastam pró precipício O ermo onde as esperam os finos dentes dos chacais Entre uivos e vendavais que jamais terão termo Pois, que o estafermo há muito disso dá indício
Dissipai-vos, ó nuvens de cinzento carregadas, Pois, o que anunciais são só dores entre derrocadas Vendavais, inundações de horrores, e mais quebradas, Provocada pelas turbulentas ondas de ganância dos tais Que, como animais, nos armam certas ignóbeis ciladas E nos sufocam, imóveis, dentro dos nossos próprios currais
Aquietai-vos, ó grosseiras intempéries descontroladas Pois, que estas chuvas são afinal lágrimas derramadas Pelas mães que lutam por uns meros pães para seus filhos E pelas famílias que veem as suas vidas hipotecadas Por tenebrosas quebradas e derrocadas de cadilhos, Que se anunciam como horrores, empecilhos e dores , E por os frígidos rumores das derrocadas dos sarilhos...
apsferreira
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