
Perfeita desconhecida
Data 10/11/2007 01:36:15 | Tópico: Prosas Poéticas
| Eis novamente a chuva. Tão velha quanto o tempo. Desejada ou talvez não. Mas sempre fresca, renovada e invasiva.
A Terra estática, mãe, útero, recebe-a de braços abertos Não receando nunca as consequências de tal aceitação. Aguardando apenas o fechar deste ciclo e o iniciar do próximo. A Terra buscando, estática, a Vida e a Morte de igual modo.
Eu, pedra rolante, quero-a com todas as minhas forças. Observo atentamente o que me rodeia na esperança de A encontrar. Mando calar a Vida na ânsia de ouvir na brisa os rumores duma voz desconhecida. Perfeita... Mas não, os gritos, os vivas, os hurras e urros, os gemidos, as palavras...tudo isto me parece velho, gasto, conhecido.
Coloco as minhas mãos sobres as tuas, tremendo na expectativa de algo novo. Mas não, velhos prazeres e embaraços, nada mais. Contas-me a tua estória enquanto as lágrimas escorrem pela minha cansada face.
Desejava uma Perfeita Desconhecida. Encontrei uma conhecida imperfeita. Novamente uma escarninha vontade de rir vem do fundo de mim. E rio, rio a bom rir enquanto fujo uma vez mais. Guardando somento o desejo da Perfeita Desconhecida
Novembro 2003
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