
Mesmo com tv moderna - Lizaldo Vieira
Data 01/04/2012 11:21:31 | Tópico: Poemas
| Mesmo com tevê moderna – Lizaldo Vieira LED PLASMA Ou LCD Satélite Bisbilhotando a terra Não abro mão Da simplicidade Do meu torrão Ser lá do fim do mundo Dos cafundó de judas Com certeza Tem seu lugar No território sergipano Coisas inimaginaria na vida urbana Por aqui Ainda faz grande diferença Dormir no teeiro Beber água na cuia Comer o mel Lambendo os dedos Colher pimenta magueta Do pé Beber caldo de caboje Desde quando Homens e mulheres Não perderam a crença Nas pedras de sal Na santa cruz No pelo sinal Na lua boa de plantar De colher Nesses tempos de globalização Pra manés José e bastião Por aqui Tem vez não Meu sertão inda respira coisa de pura fidelidade As raízes são respeitadas Veneradas Com fevor ao divino Rezas que espanta o fogo selvagem Olho gordo Praga de urubu Espinhela caída Dor nos ossos Na cabeça No percoço Reza de santo forte Num tá nem cá gota Do tinhoso num sair No meu gipão inda se vê Mulher parir em casa Fogo corredor rasgando a estrada Mula de padre mijando fogo Menino enterrado Em cruz de beira de estrada Homem do mato enganando cavalo Lobisomem da lua cheia Cavando casco de caranguejo No quintal Bicho caipóra Fazendo estripolia Coisas espontâneas ligando o céu e aterra Pura vocação de fiéis Ainda possível de rever Viúvas de preto Benzedeira tragando lasca de fumo Curando frieira Mulheres de Luto fechado Da cabeça aos pés Jurando por deus Com muita fé No quintal Nas primeiras chuvas Inda se planta Milho no dia de são José Uma tradição Que se pôe de pé Não tem perdão São coisas de fazer inveja Aos mais temíveis Incrédulos Verdadeiro viajar no tempo Pelas imagens e crendices Do imaginário popular Aqui Nesses rincões O dia tem mais De passar O dialogo da fé E com a cruz Ajoelhado Pedindo perdão Pelo mau feito Rogar proteção aos santos da devoção Padrinho Cicero Frei Damião Nossa senhora da purificação Um apelo aos bons espíritos Mais um pedido Pela cidadezinha Pra fazer chover logo Se for bem atendido Pagador de promessa Tá de prontidão Na mesma moeda Da graça recebida Tudo é devoção Naqueles sertões Nas terras de reis Rei Luiz Rei Virgulino Ah velho lua.... Quanta saudade Cabras da peste FILHOS DO NORDESTE Tudo lembra chita Maria Bonita Rebanho de bode Leite de cabra Gente brava Da boa Povo tímido Tinhoso Bando de lampião Não leva desafora pra casa Que move e remove Terra árida Dura Cruel Contudo Coração VALENTE Por isso Tem gente castigada No angico Memoria triste Que resiste Ao coronelismo E banditismo Ainda que disfarçado Quem morreu Morreu Tá enterrado Cabeça arrancada Enterrda na beira da estrada Virando santa cruz Muito anjinho tá ali Nos sete palmos Que lhes cabem Nesses latifúndios Ao passar Senti coisa estranha Arrepiar o cabelo De tirar o chapéu Tem jeito não A saída mesmo é se benzer Sem olhar pra trás FAZER o sinal da cruz Faz tudo lembrar O triste fim Da alma penada Na beira de estrada Tem coisa pior Nem cemitério ter direito Tudo isso Muito dói no coração De quem fica Refletindo feito espelho Tão triste partida Vida tão sedo tragada Terra de arigó O DNA de um povo TRABALHADOR Que gira mundo que nem asa branca Mais a simplicidade não falha Pura lição e sabedoria A ensinar Verdades Hoje ignoradas Preciso ter corpo fechado A alma encaminhada aos céus O coração preparado Ao avança do mundo Imundo Que se dane Orkut Face book Computador Quero mais É minha conversa da boa Verdadeira Tragando cigarro de palha Vovó zizinha Rezando o terço Vem do terço Boto toda fé Em Maria e José Com seu filho Jesus Ainda nos tempos de hoje Pregado na cruz Por causa de nós
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