
CONFESSADO
Data 25/03/2012 01:26:43 | Tópico: Poemas
| CONFESSADO
Antes que as noites durmam na ilusão de outra lua não saberás por mim, o confesso, que habitavas todos os versos Os escritos e os pensados Vivias em cada palavra dita, omitida ou imaginada
Tudo que ligava o mundo ao homem e seus sonhos tinha por única moldura um sorriso de encanto Não, não o que davas que teu tudo era nada mas o amor que eu embalava.
Amei no caos nas noites de nada; amei teus dias claros quando tudo era táctil. Deliciaram tuas tristezas tanto quanto as alegrias: em mim algo, apenas, adorava.
Sei que nada entenderás de um amor que não vivestes Mas, exatamente por isso poderás tentar perceber, se fores atento expectador, todas as evoluções do amor que não exigia teu sacrifício
Era apenas amor que ama sem desforço ou esperança Era além de mim, aquém de ti vivia no justo espaço que lhe permitia sorrir por apenas saber que existias: isso o alimentava. E sofria.
Nunca creu nas tuas palavras portanto, singelo passarinhar que vai de canto a canto querendo flores despojadas para fecundar outras flores É o que se espera dos amores que alimentem sem se alimentarem.
Não saberás que serás lembrança Serás eterna em todas as vidas que houver para serem vividas Ultrapassarás o tempo: eterna Frente a ti, tudo será pequeno Até o meu amor, enorme sem caber se o percebesses, sería mísero.
Amei em silencio, jura secreta Amei por ofício, dedicação Amei além das coisas, semblant; As ausências chamei de falta, omissão, para não dizer decepção. Amei até me dar por liberto. O que restou, fátuo, a si consome.
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