
O clamor da dor do mangue - Lizaldo Vieira
Data 12/03/2012 11:20:38 | Tópico: Poemas
| O clamor da dor dos mangues – Lizaldo Vieira Ando devagar porque não tenho pressa De ver o mangue virando esgoto Morrendo aos montes O verde das árvores Perdendo a cor Para o verde monetário As gaiteiras poluídas Fedidas Sem vida Minha lama entupida de pet Esgoto caseiro Esgoto industrial Minha casa Não é mais minha vida Virou condomínio de luxo Ocupação por favelas Ruas Praças Avenidas Prédios públicos Vielas Nesse mangue Está faltando habitat Para o verdadeiro morador Por isso denuncio Tanto risco Desrespeito Desamor Levo a vida chorando Me arrastado de lado Hoje me sinto mais um fraco |Com o lixo Entupindo meu buraco Convivendo com vizinhos Indesejáveis Ao lado de tanto prédio E sinistros barracos Mais infeliz estou Sem saber Do porque de tanta maldade Não conheço as manhas Nem tramas do tal progresso Minhas manhãs estão tristes Nos manguezais da zona norte Da zona oeste Na zono sul Cenário de horror Muito terror Nem posso mais ser o sabor das massas Como meu quebrado Nossas ostras Sururus e aratus É preciso amor pra poder pulsar É preciso paz pra poder sorrir É preciso a água limpa da maré para florir Pensei em cumprir a vida simplesmente Mantendo a marcha Minha andada Cocando a vida em frente Como um velho caranguejo levado em corda Pra feira Pro toque e toque Na mesa de bar Mesmo assim Eu quero ir tocando os dias Pela longa estrada do mangue Eu vou Apesar de vocês Mantendo o sabor das massas Gerando emprego Renda Alimentos Pois é preciso amor pra poder pulsar É preciso paz no mangue pra poder sorrir É preciso a água limpa da maré para florir Todo mundo ama um crustáceo na mesa Um dia a gente chegava aos montes No outro vamos embora Cada um de nós Já não compõe seu ritmo pra viver Sem direito a uma própria história E cada ser em si carregava O dom e ser feliz No seu universo Num mangue sadio Caranguejada Avante por dias melhores Por melhor sorte Por águas e manguezais saudáveis Livres da poluição desumana
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