
Ganexa ou de como a Sorte pode ser Infortuna
Data 11/02/2012 03:06:57 | Tópico: Poemas
| Nestes tempos tão sem cor Vejo sonhos transparentes em todos os tons: Pessoas ricas carentes de sangue, Riquezas vazias sem nada a dizer, Morrendo de frio e de fome de fome de fome de sei lá o quê.
Há vozes por todos os Cantos e em todos os Cantos: Camões, Drummonds, Pessoas enchendo livrarias... Fotos e mais fotos, espelhos e mais espelhos... Mas os olhares são iguais aos dos meus avôs e avós; Aos dos Gregos e Romanos. Mudamos de casa Mas levamos os mesmos móveis: Somos imóveis, Propriedades, privadas.
Que diferença faz? Continuamos indiferentes ao tempo que faz dentro de nós. Repetindo que após a Primavera vem a primavera, Após o entardecer vem o Sol nascer, No céu, nos Quadros do mundo.
Ouço minha respiração e sinto medo. Amanhã não estarei mais aqui: afirmo. E mesmo assim nem agora Eu Sou O Que Sou... Permaneço indiferente a este momento, Mesmo este momento sendo tudo que tenho e não tenho: insônia, fome, inquietação, agonia.
Atlântida... Pérsia... Grécia... Alemanha... Que importa sabermos latim enquanto nossas vestes ainda vertem sangue? Continuamos vertendo Werther pelas veias... Sofremos com o Deus Ilusão, o Imortal.
Maya, Maya, Maya...
Tudo passa, inclusive esse poema. – A mesma ladainha, o mesmo Mesmo há 7 mil anos... – E minha única certeza é que nem dele lembrarei: Certeza que estes versos sumirão como castelos de areia ou granito! Apesar de tanto desespero, solidão e ter que guardar silêncio, bater continência, eu os escrevi: De nada adiantou. Por que, meu Deus?
Tomara que Deus exista por trás dos espelhos, E que embaixo da minha cama existam realmente monstros.
Duvido da dúvida, e isso é tudo. Só sei que minha mãe tem os olhos mais lindos do mundo, E que não sei nada além; Sou um imbecil, me orgulho: meu único álibi.
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