
13 de Pluvioso
Data 01/02/2012 18:36:34 | Tópico: Poemas
| estou de volta aos anos 90 quando a vida era maravilhosa e eu não sabia: & perder tempo era tão divertido a única diferença era o medo da morte (que agora não sinto, não sinto frio, não sinto nada, só fome)
aprendi a dizer em um péssimo inglês o que só sinto em português no meu peito e carne e ossos e sangues brasileiros
talvez eu seja um espantalho no campo de centeio
flui a minha vida 25 anos de solidão e sol e fracassos e mordidas nos lábios e língua e livros vazios que entendo melhor com o tato dos dedos a acariciá-los que com o suave admirar dos meus olhos cheios de veias e manchas vermelhas e lágrimas presas nas bolas dos meus olhos.
talvez em francês a minha dor soe mais bela que em qualquer outro idioma mas que se fodam as bonitas e as feias o que importa é que somos hipócritas todos discípulos dissimulados da Igreja de Bukowski todos deprimidos com o mal du siècle vendido em comprimidos álvares de azevedo corporation sofrendo o sentimento do mundo de Drummond incorporando caboclos e putas ao nosso hálito tudo em full HD
& nada no mundo nos faz mais felizes do que entender inventar bobagens infelizes pendurar em nossos versos os versos que gostaríamos de ler nos jornais em tatuagens em muros pichados em músicas em intelectuais em livros em bundas nada de arte clássica nada de estética nada de alma não temos mais alma
ah, quem dera ter beijado a boca de Rimbaud poeta! ter feito sexo fingido com o fingido do Walt Whitman mas não me permitem as horas já é tarde para soluçar bocejar amar cagar & qualquer coisa que caiba no verso sem medida
& independentemente do que digam os sábios do mundo contemporâneo poetas filósofos historiadores budas kerouacs de merda: persisto em ser diabo ao contrário dos meus amigos inimigos detratores apedrejadores leitores escritores da minha vida & morte eternamente perdidos
a minha Vida é o fim do mundo
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