
Lobo do mar
Data 28/01/2012 19:27:05 | Tópico: Poemas
| O marulho Desmaiava Na areia, As conchas Contavam Histórias De marujos, De maremotos, De naufrágios... No fundo, Os recifes Cobriam De vida O ferro Oxidado Das naus Vencidas. Em meio A tudo Isto, Cardumes Se reuniam Cosmopolitamente, Em posição De defesa, Como em estado Beligerante No iminente Ataque. Seus vítreos Olhos Passeava Em redor, Vindo à tona As memórias cãs De naus antigas, Mastros empedernidos E velas desfraldadas Num mirar de horizonte Desafiador De pretensas Eternidades Que a imensidão Marítima Causava Em cada homem. O navio - Palácio andante - Singrava Os mares, Abrindo Com sua quilha Os caminhos Dos segredos Ultramarinos. E arremessavam-se Sonhos e mais sonhos Sobre as ondas Voando sobre o império De Netuno. E o tempo A alternar O fulgor solar E o contubérnio noturno Entre o céu e o mar. As memórias, Tal como sereias, Ora amigas, Ora antípodas, Pululavam-lhe No cérebro. Fora, o vento Cortava o ar E a maresia Salgava-lhe a pele. Na areia, A onda desmaiava O marulho, Apagando-lhe o nome Da reminiscência Volúvel da praia.
(Danclads Lins de Andrade).
|
|