
Amigo
Data 19/01/2012 16:14:47 | Tópico: Poemas
| Lembras-te amigo… (Recordando Fernando Mota Soares)
«Lembras-te meu Amigo? Os teus 18 anos, os meus sapatos rasos, as saias rendilhadas, os teus olhos gaiatos a tecer desenganos, as minhas tranças quase despenteadas?
Os teus livros de estudo de cantos retorcidos, enrolados nas mãos, com certo nervosismo? Os versos comentados já lidos e relidos, que tu declamavas cheio de romantismo?
Cantavas os teus sonhos, as tuas paixonetas, quimeras de rapaz que ninguém conhecia. Voavam tão juntinho nossas almas poetas e a vida ia tão longe em coisas de magia…
As minhas companheiras na varanda a gritar, a rir, a bater palmas, em grande rebuliço; - Ó menina, então? Ou não querem jantar? Conversem amanhã…Acabem lá com isso!
Separou-nos a vida. O tempo foi veloz. Passaram trinta anos! Ou foi há pouco tempo, que dissemos adeus, que nos tremeu a voz, que o mundo transformou o nosso encantamento?
Foi ao dar-te um abraço, trinta anos passados, ao ver os nossos filhos tão jovens como nós, que lembrei a Avenida, canteiros enfeitados, que ouvi dentro de mim a cantar uma voz!
Olhando ao espelho meu rosto desbotado, os meus cabelos curtos, que a vida fez em neve deixei fugir a alma aos dias do passado… Revi essa Amizade tão donairosa e leve.»
Maria Helena Amaro, 1987
http://mariahelenaamaro.blogspot.com/ Nota da autora: Perdemos um Amigo. Ganhamos uma saudade. «Os que amamos não morrem, antes partem antes de nós». Esta frase permanece viva no nosso quotidiano com a separação dos nossos pais, familiares, amigos. Coube desta vez ao Curso da Escola do Magistério de Braga, 1955-1957, perder um companheiro, um colega, um amigo. Todos nos lembramos dele: jovem, hábil no discurso, inteligente, disponível, poeta e prosador. Sempre que a Reunião do Curso se realizava, lá estava o Fernando Soares, pendurado nas recordações, a relembrar com uma lagrimazinha aflorada nos olhos e, com um poema nas mãos, a saudar todos com a sua habitual mensagem, como se fossemos «o Curso dos cento e vinte irmãos». E éramos. E somos, ainda que alguns já tenham partido e outros a vida os tenha separado de nós. Tu partiste, Amigo, mas não morreste, porque sempre que nos encontremos na nossa Reunião de Curso, vamos falar de ti, vamos recordar-te como se estivesses junto de nós. Que Deus ouça no Céu os teus discursos e os teus poemas. Maria Helena Amaro (Curso 1955-1957) Braga, 22/11/2011
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