
Prelúdio in T Maior
Data 05/12/2011 13:58:20 | Tópico: Poemas
| "Ato ou exercício prévio; primeiros passos; iniciação. Aquilo que precede ou anuncia alguma coisa; prenúncio." Prelúdio, Dic. Aurélio
Ainda que saibamos, e tenhamos, inabalável certeza...
A felicidade, a alegria, o sentir-se bem e, claro, todas essas coisas que, dum jeito ou d´outro, nos põem bestas no mundo!
Tudo isso, concorde, traz calma, paz...
Nos descansa, nos conforte!
É lindo, sim, sim, eu sei disso!
Mais dia, menos dia, contudo, somos jogados, de repente, às mãos do desejo!
Sim, sim, não erro!
O termo, é, de fato, jogados!
Não somos convidados, ou, ledo engano, gentilmente convencidos!
O desejo, Lindinha, é como tu:
Não pede, MANDA!
Ah, manda...
Ele não espera, me acredite, que estejamos prontos!
Nos toma, linda e simplesmente!
E a paz, a calma, a serenidade...
São, pelo tempo necessário, expulsas...
Sem mais nem menos!
A boca, as mãos...
Línguas, delícias, descompasso...
A carne, os dentes, o suor, o aperto!
Pernas sobre braços, bocas nas bocas, e em outras bocas!
O calor... A urgência!
Bagunça, caos!
Palavras, as boas, que não entendemos nunca!
Não há regras!
Há, antes, depois e acima de tudo, a vontade, a ânsia, a sede!
Daquelas que nos botam, querendo ou não, aflitos...
Lindamente aflitos!
Confusão de braços, e pernas...
Profusão de línguas, mordidas, lambidas, com vozes grunhidas!
Não há céu, inferno tampouco!
Não há tempo!
É mentira!
A verdade?
Uma boca a morder, enquanto a outra lambe...
os cabelos puxados, bagunçados, com delicadeza, e com raiva!
Com pressa...
Uma perna aqui, a outra ali, braços, em x, desenhados, tatuados em tuas costas!
Língua úmida, urgente, a gritar-me, sem saber, a lamber-me, a chupar-me...
A acabar, e começar comigo!
O movimento, sempre oposto, que ainda assim, nos aproxima!
Nos junta, gruda, funde-nos!
Tua nuca, minha boca, os dentes, os beijos!
Meus cabelos, tuas mãos!
Fugidios sempre, teus olhos, lindos e enormes, buscam os meus!
E paramos, ou melhor, dançamos!
E dançamos, lindamente, no infinito de um mundo quadrado!
A orquestra de bêbados, minhas mãos, tuas pernas, e o resto, segue sem saber do que se passa!
Moto-contínuo!
O tempo, coitado, não existe aqui!
Entre tantas coisas, braços, mãos, dentes, línguas, nucas, pernas, carinho, paixão, atenção!
É rápido, lento...
Agressivo e delicado!
Bocas que sorriem e, num instante, nos mordem carne e espírito!
Um ballet inacreditável!
Respiração, paixão, inspira, beija, lambe, expira, vens, vou, vou, vens!
Nos achamos, perdidos e suados, num outro mundo!
Não precisas falar, eu? Menos ainda!
Carinhos calmos, depois da tempestade!
Me aninho em ti, criando seu ninho em mim!
O que posso, ou devo, dizer-te?
Linda, estás mais perto...
Acende um cigarro pra mim?
Ilitch Kushkov Indaiatuba, 01 de Dezembro de 2.011 - 20:55h
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