
Vão-se os Modos, Esvai-se o Tempo
Data 05/12/2011 10:26:54 | Tópico: Poemas
| Dominadora da montanha A sacudir as correntes mornas do rio Rodopiando num frenesi inovador É a mestria do vento Usurpador do sol E libertador de todas as forças estranhas Em cada alvoroço da noite
Aguarda-se pelo rejuvenescer dos montes Em cada amanhecer dos pinheiros Enquanto as pinhas se soltam desregradas E em queda livre Apaziguada pelo tinir fresco da brisa matutina A embaciar as vidraças ainda fechadas Das casas dos romeiros E dos pregoeiros E até dos lamaceiros
As horas acasalaram já com os segundos E os relógios não sabem quando é a hora De rodar os ponteiros Neste ermo coberto de musgo Pela humidade crescente E assente em cada morro esburacado
Vão-se todos de uma vez Mas ficam as marcas De uma lufada de ar fresco, talvez A suavizar os gestos Que de enxada na mão Arremessam nas tumbas dos mais sacrificados Com golpe de mestre Os acervos Mutilando os servos E os almocreves, da dita plebe Ainda sem motivação para rezar Unificando os tempos das ditas temperanças
Vão-se os modos Esvai-se o tempo em que se entrelaçavam As contas do rosário Na dureza da carne Que enchia os dedos todos de uma só vez
Vai-se o tempo em que se castigava o chão Com pegadas do homem a caminhar descalço Com desembaraço Mas esgaço
|
|