Um dilema, não um poema.

Data 28/11/2011 00:11:14 | Tópico: Poemas

Amanhã acordarei como hoje me deito:

Morto.
Isento de Ti, sem caricias.
Isento de Ti mesmo.
Isento de mim.

Acordarei e pensarei mais:
Mais dor trovará sobre mim.

Custa tanto ser diferente. Para melhor.
Não fumar e beber. Gostar da borga mas também de ler.

E a vida arremessa-nos sempre a igualdade à cara.
Numa limpeza da consciência.

Amanhã acordarei, e a biologia nada me dirá.
Pois toda a minha atenção estará na mulher que passa.
Toda a minha mente perde a disciplina para o prazer de a saber despida.

Quase da vontade de pegar no cigarro, para aquecer a traqueia que tão gélida torna a conversa.
Tão pálida a cigarette, refulgindo-se em ironia.
Tão seca.
Tão relaxante.

A inutilidade arrasta-se pela rua,
E sinto pedaços de mim enterrarem-se por entre a calçada.
Oh, porque sou assim,
Afortunado e ingrato
Olhos cerrados e vontade enlaçada
Daqueles dias em que morro

Isento de Ti
Isento de Tudo



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