
QUANDO
Data 01/11/2011 03:43:12 | Tópico: Poemas
| Quando nenhuma idéia surgir Quando a palavra se esconder É hora de deixar a alma navegar Sobre as ondas brancas E escutar o silêncio das horas, Pois nem sempre as pedras Estão no mesmo lugar.
Quando nenhuma voz se ouvir E todas as flores adormecerem É hora de recolher o tempo E aprisioná-lo em uma ampulheta Para que as lembranças Não despertem velhos desejos Nem os sonhos fiquem despidos.
Quando nenhum homem agir Na esperança do agir de deus É hora de buscar a loucura E queimar a cruz em holocausto Espalhando as cinzas sobre as asas De um pássaro que as levará Ao encontro de um novo amanhecer.
Quando uma estrela sumir No buraco negro da noite E a mulher se vestir Com o manto vermelho da paixão Que o homem esteja a posto Com a sua espada na mão E nos pés as botas de Hermes
Quando a última dama partir Deixando o aroma de suas vestes E uma canção perdida no ar Que se façam oblações À lembrança do seu corpo E os poetas escrevam poemas Exaltando o amor.
Quando o castelo ruir E o vento levar a sombra Do que já não era, Que se dêem as mãos os Quixotes E reescrevam a história dos povos Extinguindo de uma vez os moinhos Cujas pás teimam em girar Sempre na mesma direção.
Quando o amor não mais existir E a solidão se jogar de um edifício Que os homens se envolvam nas redes Tecidas pelas mãos do passado E voltem ao jardim da infância Para resgatar velhas canções de ninar, E aprender que apenas o tempo é eterno.
Quando a última máscara cair E a humanidade perceber-se traída A liberdade finalmente sairá das masmorras E todos os homens se amarão dignamente Pois saberão que a vida não tem sentido Desde que dêem sentido à vida.
Valdeci Ferraz, em 01/11/11
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