
Palmilhndo vida de gado no latifundio Lizaldo Vieira
Data 28/10/2011 11:43:33 | Tópico: Poemas
| Palmo a palmo pro latifúndio - Lizaldo Vieira Palmilhando o mau bocado O caldo O melaço O bagaço O cabau No cotidiano do latifundio Usina de dor Desamor Infortunio Por todos os becos Vilas Vilarejos Senzalas Grotões Vão chegando aos montes Borbotões Tonhos Marias Joses Zezinhos Manes Pedrinho Curtindo no escuro O duro caminho Sem rumo Nem prumo Sem norte Pra qualquer saída Pra qualquer lugar É duro não ter aonde ir Não ter onde chegar Essa é sa reedita Vida de gado Sem eira Sem beira Do bagaço Na brocha No eito No canzil Na carroça Samba nego Branco não vem cá Se vier Pau há de levar Mais um samba de coco Na roda No poeirão da bagaceira Tem boi Tonhão carreiro Zezinho chamador Carregando carrego de cana azeda Vai virar Mel Melaço Cabaú Cozido Cozinhando Na tacha Açúcar Açucarado Pedra em construção Trovoada de pedras Paus Bagaço Roda moinho Da moenda Bolandeira Sobe e desce Na ladeira Mais um monte de cana Corte de naca Cana dura Caiana Pitu Mais uma ruma É o fim do caminho Da esperança Com resto de toco Um pouco sozinho Vida de sol a pino Sem dia Sem noite É laço É anzol É morte na certa Pra quem chupa E corta cana No chapado No topete Na lama Vida de pião Big bróder Confinado No chiqueiro No pasto No caxixe De cana Nada sobre Todo é proveito Do senhor Nem lambe o tacho Vai começar a moagem Das longas paisagens Chegam no lombo da mula No carro de boi No ombro Vida de gado é assim Feita de caco e vidro Apertada na brocha Na canga No ferrão Nem vida de gente È de peão Pesar do mal pedaço Do trabalho força Meninas e meninas Homens e mulheres Escravos Apesar de você Cana Canavieiro Corro mor Careiro Meninos Meninas Do engenho Entre tapas e beijos Ainda somos todos irmãos Sangue do mesmo sangue Brilho nos olhos Na cor No calor nordestino Gente pra brilhar Brigar Dançar Estudar Enfim Protagonizar Ser artista E atores Do teatro da vida
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