
Chega de saudade
Data 23/10/2011 15:13:56 | Tópico: Poemas
| essa doença chamada meu gosto que me faz escolher tanta bobagem ainda vai me matar de desilusão
felicidade inalcançável é nossa meta
serei humano algum dia ou o gosto do sangue na boca é meu último traço de humanidade?
faz tanto tempo que escrevi esse poema que já não concordo com verso algum sou meu maior crítico meus clichês são meu Juízo Final só consigo um pouco de paz com meus vícios respiro fordismo sou constante industrialização
cansa-me a espera não sei ficar parado faço tudo e sinto que nunca vivi
ao menos a poesia é um testamento que escrevo pra minh’alma cadente aqui posso desentender cada palavra o alvo é o analfabetismo
alguns plantam filhos outros trepam em árvores imito Bandeira e fujo da conclusão da estrofe
estrofes não precisam de conclusão nem perorar nada só canto o que me transfigura
não idealizo Nostalgia não posso viver a Idade d’Ouro não vivo o passado não vivo o futuro sou dores do parto
qual a diferença entre ganhar e perder quando se tem a constante sensação de jogar dados com Deus?
desisto de poesia por agora queria pôr fogo em Roma pôr fogo no Éden pôr fogo no Inferno mas só falo isso bem baixinho para que não me ouçam
há algo melhor a fazer além de cantar jingles? ao menos somos capazes de rir sem vontade
não sabemos interpretar nosso rosto no espelho
imaginem-se perdidos na rua sem lua no céu frio lama enjoo bêbados apenas crianças
poesia crônica, conclusão: ainda existem os sentimentos
estranho sabor de sonho na língua é gosto de beijo na boca de alguém que odeio
em um futuro perfeito próximo o petróleo do mundo será o amor
nem lembro que te escrevi
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