
Pari-te
Data 21/10/2007 18:01:49 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| Pari-te num sepulcro de rubra pedra, noite das misérias, sem rosto, sem corpo, sem sal, sem água - que todas as águas se esvaíram em busca da liberdade de serem mar, Oceano acirrado, depositas em areal sem fim, de um tempo eclosivo e terminal.
Pari-te na luz de um Mundo Novo, aposta à finitude litúrgica do pranto, se ondas são dedos, a desenharem-se barcos desmesurados, na fome de um desconchavado piano.
Pari-te ainda, prenhe, no crepúsculo de uma Estrela Polar, em entranhas já putrefactas, de sangue coalhado, pelas esquinas mímicas do vento.
Pari-te e ao parir-te esvai-me virgem, retalhada na carne, pelas tuas garras de condor, em descrença e desamor, de um logro visceral, por dentro!
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