
A minha Pátria
Data 02/10/2011 10:08:54 | Tópico: Poemas -> Esperança
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Oh...Pátria Pátria minha, Quem és tu, afinal? Tanto nos pedes e pouco nos dás. Desde a primeira vez que eu vi o sol No teu chão espelhado, Sempre te conheci assim, indiferente Às tuas gentes, Vivendo das saudadas sebastiânicas De um novo advir, que jamais chega! Porque nos ignoras Pátria amada, Se os teus filhos dão a vida por ti? Insistes nas glórias das velas içadas, Pelos mares da esperança, em frágeis caravelas, Nas seiscentistas aventuras, Em busca de outros mundos E esqueceste-te de ti, o teu mundo, tão pequeno E tão miserável... Olha para os teus vizinhos, Despontando orgulhosamente na riqueza Social e económica! Ah...Pátria das minhas tristes memórias, Em que parias escassos doutores Entre os privilegiados deste pequeno torrão; Hoje, Pátria minha, fabricas doutores Como produtos em fábrica De sofrível qualidade E não lhes dás trabalho! Orgulha-te de ti...não nos abandones Como já fizeste outras vezes; Já esqueceste África, Em que espoliaste vergonhosamente E atiraste para a miséria milhares de filhos teus E continuas aí, de cabeça erguida, Quando devias sentir-te humilhada, Perante os que te declaram fidelidade! Oh...Pátria,ganha vergonha e renasce das cinzas Não permitas que tantos, em tão poucos de um todo Não tenham pão para alimentar as suas crias, Que são afinal teus filhos também! Acorda Pátria... Os teus nativos voltam a fugir da tua casa, Repete-se a história, ao longo dos séculos. Acorda, Pátria minha!
José Carlos Moutinho
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