
[Fragilidade]
Data 24/09/2011 18:00:35 | Tópico: Poemas
| [Filosofia, lá no Sertão, é escancarada em linguagem simples, direta, sem cálculo sentencial — Memórias da antiga Fazenda Barreirão – Divisa MG-GO]
O grito lancinante do porco morrendo à faca, desmontava a minha caixa de costelas! Reverberava aquele grito
tão forte, tão excruciante tão faca em meu peito, que eu tremia e fugia para os currais, para os pastos.
Feito o silêncio, eu sabia: já morreu o bicho, posso voltar. Depois de aberta a carcaça, meu olhar buscava o coração:
eu queria ver as escuras bordas do corte, queria ver onde penetrou a morte no corpo do animal.
Mas só olhava ao relance, e bem rápido, mais que isso, não podia, não dava conta; e de mais não precisava!
Também, era o que bastava para eu me lembrar, num estalo, de toda a fragilidade da vida, de todo a inutilidade da corrida! __________
[Penas do Desterro, 28 de outubro de 1998]
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