
Tua Amante
Data 28/10/2006 20:51:12 | Tópico: Poemas -> Droga
| Tu eras o rapaz da rua O mais temido O que ditava as leis e as horas Horas que para alguns Foram de morte. Eu apenas uma rapariga de família. Um dia Esperaste-me á minha porta Pediste para me acompanhares Eu, sem te olhar, sem te responder Segui… Tu ficas-te… Sempre que chegava das aulas Sentia-te No meu percurso até casa. Não te via, mas sentia-te… Mais tarde, Passas-te a ir ao meu lado Mas do outro lado do passeio. Passado um mês Esperaste-me na paragem do autocarro Pegas-te na minha mochila E seguíamos os dois Em silêncio… Os teus amigos Olhavam-me com respeito E com medo...medo de ti… Muito tempo depois E de dias seguidos de silêncio No percurso até casa Disseste-me Que eu era a tua princesa Perguntaste-me se alguma vez Poderia vir a ser tua Eu, trémula… Com medo que as minhas palavras Te ofendessem...apenas respondi… Que eu, ou alguém Só poderíamos ser tuas Se deixasses a tua amante A amante que te possuía Todas as noites Sem tréguas…sem descanso… Com as lágrimas nos olhos (sim…estes rapazes também choram) Fizeste-me promessas Sem fim… Na esperança que eu Algum dia fosse tua. Á noite depois de estares com ela Sentia-te muitas vezes Debaixo da minha janela. E de manhã Ao acordar Tinha o parapeito da janela Cheio de pedras escritas Com juras de amor… Sim…pedras escritas… Com juras que nunca aconteceram Pois ela era muito mais poderosa Fazia de ti o que queria Amava-te na rua E deixava-te estendido Até acordares Com os olhares de quem passava Pela manhã. Só aí te refugiavas Só aí sentias…a vergonha. Muitos meses se passaram O ritual era sempre o mesmo… Até que um dia Deixas-te de vir ter comigo Á paragem do autocarro Nessa noite Deixaste-me uma pedra Com uma mensagem Que dizia… “Serás sempre a minha boneca de porcelana…passo…olho-te… mas não te posso tocar se não deixarás de ser a mesma pois as minhas mãos vão te destruir” Nunca mais te vi… Passaram muitos anos E deixei de ouvir falar de ti Mas todos os dias oiço falar nela Da tua amante Pois ela é a viúva amante De muitos rapazes como tu.
|
|