Em horas que estou realmente em mim
sou feita de águas negras sem razão
e ao mesmo tempo me deságuo no desconhecido.
Vazando com as emoções, tento oprimir
com estas mãos, os sentimentos partidos.

Nos momentos feitos de partes de mim
vou correndo como água pelo tempo
ás vezes sou cheia de dor
ás vezes sou somente vazia
e nenhum momento é belo, me sinto tão fria.

Quando vou para dentro de meu coração
tenho medo de parar junto com estas batidas
porque... porque é este som dolorido que me chora,
então eu quero que não sejas meu
este coração que morre de hora em hora.

Nos pedaços de espelhos que me refletem
em um chão sujo de angústia, medo, agonia
milhares de mim me olham como se não me conhecessem,
talvez seja meu olhar se desfazendo
em mil pedaços de mim que estão morrendo.

Se, pelo menos, houvesse uma forma de me resgatar,
se lá no fundo, eu soubesse que tem algo me esperando,
mas me afogo antes de saber quem sou
junto com algumas lágrimas
que não sabem porque chorou.

Queria eu estar além de fios de memórias
somente se contentando com alguns bocados de sonhos
enquanto a minha vida diz um adeus do alto do abismo
para mim, que quer chegar ao fundo com um coração
que se desintegra de dor na minha mão.

E eu pulo, com o coração cheio de medo
em águas profundas
tentando encontrar na última respiração
alguns pedaços de mim
para me salvarem da solidão.