
No abrigo
Data 03/08/2011 19:34:47 | Tópico: Poemas
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Gelava, a noite. Uma nortada sinistra teimava em soprar. Malvados cartões que não paravam quietos! Grande ponto, aquele. Uma vista assim não era para todos. A cidade estendia-se a seus pés Densa, perversa, bela e submissa. Queria tê-la só para si, Com a luxúria ciumenta de um amante que paga, Mas só para depois a largar Numa valeta qualquer, Usada e abusada até à exaustão total. Seria a vingança perfeita. Todas as humilhações sofridas Arrematadas nessa cartada final! Já nasce a manhã e o vento continua a uivar! Grita-lhe aos ouvidos gemidos de horror Das almas penadas que por ali pairam Só para o assustar. Inúteis! Não sabem nada! Não sabem que perdeu o medo quando perdeu a dignidade. Agora, precisava de dormir sossegado Sem sonhos, sem pesadelos Sem nunca mais acordar.
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