
Se tu me esqueceres (Pablo Neruda)
Data 11/07/2011 13:01:00 | Tópico: Poemas -> Amor
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Quero que saibas uma coisa.
Tu já sabes o que é: se olho a lua de cristal, o ramo rubro do lento outono em minha janela, se toco junto ao fogo a implacável cinza ou o enrugado corpo da madeira, tudo me leva a ti, como se tudo o que existe aromas, luz, metais, fossem pequenos barcos que navegam para essas tuas ilhas que me aguardam.
Pois ora, se pouco a pouco deixas de me amar, de te amar, pouco a pouco, deixarei.
Se de repente me esqueces, não me procures, já te esqueci também.
Se consideras longo e louco o vento de bandeiras que canta em minha vida e te decides a me deixar na margem do coração no qual tenho raízes, pensa que nesse dia a essa hora levantarei os braços me nascerão raízes procurando outra terra.
Porém, se cada dia, cada hora, sentes que a mim estás destinada com doçura implacável. Se cada dia se ergue uma flor a teus lábios me buscando, ai, amor meu, ai minha, em mim todo esse fogo se repete, em mim nada se apaga nem se esquece, do teu amor, amada, o meu se nutre, e enquanto vivas estará em teus braços e sem sair dos meus.
© Pablo Neruda, 1952 and © Heirs of Fábio Neruda, 1980. Título original: Los versos dei Capitán
Tradução de: Thiago de Mello Os Versos do Capitão Impresso no Brasil, 2004 - 8a edição EDITORA BERTRAND BRASIL LTDA.
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