
Inacio
Data 28/06/2011 22:24:02 | Tópico: Poemas
| Língua gasta neste latim de palavras Que o latim é língua gasta, E só se come em certos sítios. Que comer e beber se entregam no verbo bem viver! E no adjectivo devagar. O almoço é leve que há pouco dinheiro. A janta breve nos cantos e aleluias, Sobejando meio litro de arrufos e desalinhos Entre os convivas. A miséria chegou à realeza Latim e água benta só já permanecem Sem hóstia nem dinheiro com que se façam. Padres descalços invadem agora as ruas Cheias de cães sarnentos E sem comer para lhes dar Morrem famintos pelas terras Ou doença Outrora médicos da razão Hoje médicos do pão Recorrem a magia e aos artifícios Gritam comigo por nada. Natureza sem pinta. Gnomo esfomeado! Bruxo sem receituário Santo sem o ser. Pecam nos meus artelhos desfeitos, Em tanto cântaro levantado. Músculos contraídos Explodem de energia! Subalterno nos meus instintos Sobreviver já de velho, É um sonho descolorido!
Jogo mil palavras E perco-me nos sinónimos! E dos antónimos! Mas jogo mesmo no velho e sujo jornal Mil cores entrelaçadas de vidas Cores de mil rostos Mais de mil são os rostos! Que são pintados a mão, Pela pena do pavão. Enrijece no luar, E na manhã fria! Levanta voo o condor Em direcção ao palácio Onde vive o padre Inácio. Muitas borradas se fez. O mais puro dos homens Na preguiça de um lampião Escondendo a fadiga! Nos lençóis feitos de ofertas. Alma pura e venturosa, Arrancada a dentes no martírio E no suplicio doutrinal! Obriga a quem ante deus Responde a uma só voz Que é a sua igreja! Viva dentro de si! Como clarão as almas atormentadas. Onde o tom da cor já passou Onde a dor veio para ficar.
Limpar as borradelas e aparar o perdido Limpar com sebo a falsidade.
Corar ate fazer brilho Levantar o véu da fortaleza Que existe dentro de cada um de nos! Se é que a querendo Me deixo realizar como louco deste mundo Ou como deus num outro Próximo deste! Levantar tantas são as cores perdidas. Almas e vidas que perdi Neste bem maior que é a escrita!
Escrevendo restituiu a mente A desolação da dança Mergulhando na calvície dos meus costumes Principiante embora apressado Em dar a luz Mais um estigma Para comigo possa falar. Desse enigma na dor Bailando, Cantando, Tudo em meu redor!
Cruzes de lenho velho já partido Usurário, De madeixas se empoleira No recobro de mais um susto! Lenho velho no meu jardim Que foi afinal? Então o nome de um segundo Coisa mais alta que nunca se viu: Era Cristo redentor. Amando o lenho velho Que são as cicatrizes de Senhor Ao lenho velho queimado Na esperança de quem alcança A virtude da paciência! No leito de um rio Ou no peito do meu senhor Consigo paz e um pouco de raciocínio. Que falar a deus e falar alto, Receios e vergonha varridos No palácio do padre Inácio!
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