
o Emigrante
Data 31/05/2011 09:25:46 | Tópico: Poemas -> Saudade
| Ruídos, vozes, sensações, Cheiros que não são de maresia Panóplia de cores e de visões Paradisíacas, ou dantescas Consoante a luz e perspectiva E ao longe um sussurro De lusitana criança Que me chama e interpela - Para onde vais?
Tal é o mundo que visito Tais são os poentes que me deitam E me largam em sonhos antigos Tais são os bancos frios, Dos jardins em que me sento E os pássaros, sempre os pássaros Que só me fazem lembrar Os céus e as águas que deixei
Parte de mim ficou espalhada Pelos areais limpos em cor de mar, Pelas pedras que já foram minhas E das lágrimas que reprimi Nasceram flores bravas Nos desertos da minha infância Crescendo em tons de saudade
Mas os ventos levam-me Para longe, sempre para longe As memórias diluem-se A realidade impõe-se E a minha existência confunde-se, Esquecida entre folhas de jornal Entorpecidas e desbotadas E imagens apagadas pelo tempo
As vozes falam E eu já não conheço As nuvens que me perseguem, Mãos que chegam e que partem, Que me levam, distante de mim mesmo Para outros mares, cintilantes Mas sem o sabor do sal Sem aquele suave marulhar E aquele murmúrio de criança Sussurrando - para onde vais?
--HP
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