
Esfolações
Data 07/04/2011 13:31:56 | Tópico: Poemas
| Eu gosto de gente que caga cheiroso.
Quero minhas bocetas com sabores doces, neutros, quero cus rosas e tenros tesão que escorra como mel.
Homem que é homem sabe gozar sem esporrar, vira e mexe quer espancar o motoqueiro filho da puta que passa pela calçada das velhinhas.
Eu gosto de gente que caga um cocô agradável, porque sabem se alimentar.
Quero gente que bebe água mesmo quando não tem sede, porque um espírito desidratado já perdeu a habilidade da sede.
Eu quero amigos que sabem passar fome, ouvir as entranhas roncarem antes de se preocuparem em comer.
Quero meu caralho bem duro vergonhosamente no ponto de ônibus, quero chutar todos os imbecis que encaram outros homens pelas ruas porque são uns mal resolvidos.
Eu quero um amor cheio de maldade, indiferente pra quase tudo que dói.
Quero o amor violento e desatinado, que vai tão veloz quanto chega, que se nutre de ódio e tem memória curta pra tudo que é nostálgico e melancólico.
Eu quero poder enfiar uma porra de um palavrão aqui, sem perder minha autoridade.
Um bom poeta sabe mandar se foder e tomar bem fundo no rabo.
Um bom poeta sabe desprezar mesmo àquilo que certa vez venerou.
Minha felicidade é uma ofensa mas ainda enfio o dedo sujo na ferida.
Pro inferno com toda essa baitolagem de direitos iguais, equanimidades.
Sou leão e águia, desprovido de piedade desprovido de empatia, porque já bastam minhas tripas pra cuidar.
Sou as hienas agarrando o gnu decrépito da cultura pelos tornozelos, roendo as canelas resistentes do gado até que venha abaixo e me sirva de refeição vertiginosa e sanguinolenta.
Eu gosto de gente que mija claro e que fala grosso, puta merda.
Quero amigos com quem eu possa digladiar, que ponham em perigo meu reinado imaginário, que me atinjam tanto quanto acariciam, que planejem roubar minha coroa de lírios na madrugada.
Quero a insônia por ficar sem maconha, e depois a insônia por voltar a fumá-la.
Quero homens que saibam o que é a morte em vida, que tenham encarado seu minotauro e feito berrantes de seus chifres.
Quero minha madeleine desconhecida, minhas origens caóticas e absurdas, minha loucura juvenil e todo esplendor de seus acasos.
Tenho asas de platina fumegante, sou anjo lascivo e mortal, um santo entorpecido justificando a existência e todo seu horror.
Engula-me a seco, ou com uma golada de copaíba, mas não me guarde no bolso, não sou moedinhas e trocados nem lenços escarrados.
Crave-me no peito como um talismã de diamante, incrustado profundamente em teu mole coração, pra que tenha em ti traços do poder.
Foda-se a estética, a moral e os costumes.
Foda-se a arte e a ciência deste bando de úrubus fétidos e suas apólices semióticas, esses professores de bosta, kantianos punheteiros, putanheiros, que acham que entendem qualquer coisa em suas azedas delicadezas cabaçonas e morféticas de falsa inocência.
Gosto de quem caga cheiroso.
O resto, é só o resto...
ORGASMAGIA
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