
O enigma da palavra
Data 07/04/2011 00:54:59 | Tópico: Poemas
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A palavra em mim é quase sempre Um mistério de olhares e silêncios. Por mais que a aflição das minhas mãos Tirem-na do exílio ou façam-na alada, Há um hiato que a transcende. A minha palavra é muitas vezes Um estar só, um desabitar-me, Um discurso impronunciável de emoções e segredos. Como explicar a intenção da curva de cada letra, Enquanto florescem inconscientes desejos Que se encobrem nos véus dos meus dedos? A palavra em mim está além do expresso Da pretensa linha reta do dizível Ou da rasura proposital da razão, Quando sangra a página em branco. É que em mim, há a palavra intocada, inacabada Pulsando viva na tessitura de minhas mãos Em suores de uma permanente ausência Suspirando em calafrios, uma saudade, uma falta. E tanto a busco, em seus imprevistos códigos Percorrendo os abismos do seu desvendar Que vou me conjugando em inquietudes Refletindo-me no espelho da escrita.
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