
O QUE NÃO QUERO
Data 01/04/2011 08:10:38 | Tópico: Sonetos
| 11
Nesta estrada mais comprida Tantas vezes capotando Trouxe o mundo menos brando Sem saber qual a saída, Esperança dividida Dia a dia me rondando O cenário desabando Entremeia a despedida. Nada mais pudera ser Onde tanto parecer Espreitasse uma razão A verdade não se cala Enfrentando fogo e bala, Na incerteza em provisão.
12
Onde o tempo faz sentido E se mostra mais atroz No caminho dividido Entre o nunca e o logo após O momento presumido A versão dura e feroz, Engolindo o resumido Desvendar ora sem voz, Nas tramóias da esperança Esperneio, mas não posso No tormento onde se lança O que fora outrora nosso, Na verdade quando cansa Faz da vida este destroço.
13
Jogo feito; a vida marca A ferro e a fogo tão somente Destruindo a velha barca Que levasse o que se sente Onde o tempo não abarca Onde a rota imprevidente, Mas a morte quando embarca Mostra o tom impertinente De quem sabe o que deseja E jamais descansaria Até vencer esta peleja Tão medonha a cada dia, E se esboça o que não seja Nem sequer mais fantasia.
14
Nas picadas do caminho, Cada curva novo atalho, E se sigo mais sozinho O meu canto tento e espalho, Na verdade o mais daninho Traz o verso aonde talho Com temor e me avizinho Do que tanto agora falho. Esperava melhor sorte E talvez um claro dia, A palavra não conforte Quem pudera em fantasia Conviver com o seu corte Onde o nada serviria.
15
Abandono esta morada E procuro uma estalagem Onde o tanto além do nada Desenhando esta miragem, A verdade desfraldada Arrebenta esta barragem E a versão já desenhada Expressando em molecagem O meu mundo em tal fastio O meu rio mais profundo E se possa em desafio Noutro tom diverso inundo O que tanto em sonho adio E o meu canto é ledo, imundo.
16
Mas amores que encontrei Entre tantas heresias Dominando em dura lei O que às vezes me trarias, Nos teus braços mergulhei Envolvendo em poesias O que agora procurei E decerto não me guias, Entre as noites mais escuras Entre os sonhos mais audazes O que possa e não perduras, Outros dias tu me trazes, Mas bem sei que tais loucuras São deveras curtas fases.
17
Não importa quem se vendo Noutro tom diverso e rude, O meu mundo em dividendo Vem trazendo o quanto pude E se possa no remendo Desenhar o que me ilude, Verso sobre o que pretendo Mesmo quando o passo mude, Nada mais se faz além Do que tanto mergulhara, O meu mundo sem ninguém No vazio da seara Tantas vezes já contém O que em medo desampara.
18
Desta história feita em luta Do momento mais venal, O caminho em força bruta O cenário desigual A verdade não reluta E transcende ao ritual, Esquecendo a voz astuta Onde engano é mais fatal, No bornal das esperanças Sem sequer qualquer aporte, A palavra que me lanças Traduzindo o ledo norte, E tramando em tais mudanças O que tanto desconforte.
19
Neste tempo feito em pós Outro tempo se desenha E seguindo logo após O que possa e sempre venha Desbancando o mais atroz Delirar onde contenha O meu passo mais feroz, Ou a vida em rude senha, Esperando de tal forma O que nunca mais viera, Cada passo se transforma E a verdade destempera, No que possa em tal reforma Vejo ali viva quimera.
20
Aprendendo o que não quero Ou talvez já não mereça A saudade neste insincero Caminhar não mais se esqueça E mergulho enquanto espero Sem temor e de cabeça. No temor me destempero E procuro o que ofereça Outro verso ou mesmo a paz E jamais me imaginasse No momento onde se faz Novamente em tolo impasse O meu canto mais voraz Noutro tom já se moldasse.
|
|