
VONTADES...
Data 31/03/2011 09:53:40 | Tópico: Sonetos
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Mapeio esta sorte Moldada do nada E quanto comporte Gerando a virada Do tempo onde o norte Não traga esta alçada
Vestígios do peso Vergando o costado, E estando surpreso Meu mundo calado, Com certo desprezo O passo vedado.
Mal posso sentir O quanto há de vir.
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Não vejo o que tente Sequer o cenário E mesmo descrente Vagar solitário Presume o que ausente Do tempo o sol vário,
Acendo o pavio E bebo este lume A luta desfio E nada presume Somente o vazio Em rude costume,
O preço a pagar Já não há lugar.
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Não quero o que um dia Pudesse ir além Da sorte sombria Envolto em desdém, A morte me guia E nada convém.
O marco feroz Do que se fez vida, Ausência de voz A sorte remida O canto este algoz Aumenta a ferida,
E sei do que temo Em medo supremo.
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Não tento outro atento Caminho onde o mundo Transido no vento Enquanto aprofundo, Viver desalento E sei deste imundo
Cenário vacante Aonde não veja O que não garante Nem mesmo deseja A luta outro instante Expressa a peleja
Cansado da guerra Meu tempo se encerra.
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Não pude sentir Sequer qualquer luz E sem ter porvir O tanto reduz O quanto há de vir E nada produz,
Cerzindo o passado, O verso se alenta Canto embolorado Adentro a tormenta E bebo o que evado Em noite sangrenta.
Reparo este engano Enquanto me dano.
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Marcando o compasso Aonde não resta Sequer menor traço Da luta funesta E sei que desfaço A vida sem festa,
A morte aproxima Redime os enganos E sei deste clima Em dias profanos, O mundo se estima Em versos e danos.
Esqueço o que trago, Apenas o estrago.
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Não mais quero o canto Aonde pudera Vencer desencanto E sei da insincera Versão e garanto O tempo não gera
Sequer o bravio Momento em tal fúria O quanto desvio Traduz a penúria E neste pavio, A luta é incúria.
O verso não traz Sequer mesmo a paz.
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Resumo do fato Que possa deixar E quando constato Ausente luar A vida eu retrato Sem nada escoltar.
Vagar sem sentido Ou mesmo fronteira Trazer o que olvido Quer queira ou não queira O que dilapido Aos poucos se esgueira.
Reparo este engano E sei que me dano.
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No verso sem rumo No tempo perverso, O quanto acostumo Deveras disperso E tento este insumo Enquanto aquém verso,
Esqueço meu tempo E vivo o vazio, Onde há passatempo Não mais desafio Viver contratempo Resvala onde o crio.
Navego sem senso Num mar mero e denso.
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Marcante vontade De quem se fez tanto O quanto em invade Deveras garanto, Fatal sanidade, Expressa este espanto.
O mundo em redoma Implode o que trago E sei do que toma A vida em estrago, Marcando esta soma, Enquanto divago.
O preço sonega A sorte tão cega.
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