Mini-Carta de Uma Noite Solitária

Data 20/09/2007 20:08:49 | Tópico: Poemas

I

Há noites solitárias,
Matematicamente arbitrárias
Que nos devastam.

São noites silenciosas,
A bruma adensa-se.
O frio condensa-se nos ossos
E o calor fervilhante
De sangue irrequieto
Atinge em ápice o centro cerebral.

O corpo imobilizado,
O pensamento a uma velocidade inumerável
Até o desgaste... Completo.

Consumo cigarro atrás de cigarro,
Há música no fundo,
Um livro expectante, à espera de ser lido,
Há também a t.v. por ora desligada.

O que há mais?


II

Há o desejo de te ter aqui
Nem que eu estivesse aí,
Onde estás ou andas.

Enquanto notícias de ti escasseiam,
Surtos de loucura temporária
Tomam posse de mim
E vejo-te em todo o lado onde não estás
Sofregamente, nos teus outros desejos.

É a pura tortura
Querer saber, sem conseguir;
Querer ler pensamentos de alguém
Que está longe e não só! Afastada.


III

Achega-te a mim
Pega a mão do meu regaço
Nega o não que poderá brotar
E arrasta-me ao teu mundo,
Ainda que longe; por carta
Ou telefonema.

Mostra-me como vês o teu corpo,
Como maquinas o mundo de fora,
As tuas ânsias, os teus dilemas.

Ou porventura (no mais sublime dos sonhos)
Surge-me presente, de caraça se achares graça
Ou simplesmente tu.
Nada mais, contendo tudo.

13/09/2007


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