
A Cegonha
Data 24/03/2011 02:18:28 | Tópico: Poemas
| Era uma vez uma cegonha Que não sabia como voar. Num passado de pleno azar Tentou faze-lo, mas com vergonha
Caiu nas pedras duras do chão E quebrou a asa que, partida A prende àquela terra perdida Sem poder voar na vastidão
Do ‘spaço como as irmãs Que todos os anos vê voando, No céu por cima dela passando. Vê passar todas as cegonhas sãs,
Nas ela, presa na superfície, Desta terra nas não as acompanha São co’os olhos. É ‘stranha Dentro da sua própria ‘specie!
Apesar de tudo teve sorte E pelo povo foi adoptada. E por todos é sempre tratada, Tendo ‘scapado assim da morte.
Baptizaram-ma como Joana, A cegonha que não voava. E Joana entre eles andava Por todos os dias da semana.
Peixe num balde ela comia; Andava majestosa na rua; Orgulhosa a penugem sua Limpava, sempre, todo o dia.
Tinha mesmo gostos pessoais! Era dócil para quem gostava, Quem não gostava ameaçava, Afastando-os co’os seus sinais.
Tornou-se um ex-libris da cidade; Um vivo quadro daquela gente; Um grande orgulho sempre presente, Que a distância deixa saudade.
Quando morrer haverá luto, Por toda a cidade se chorará. Um sentido suspiro se ouvirá Do mais idoso e do mais puto,
De todos aqueles habitantes Que se lembrarão dos instantes Em que Joana a cegonha viveu, Entre um povo que sempre a recebeu.
Barroselas 30.04.1995
Origem da história: http://aldeiashistoricasdeportugal.bl ... ria-da-cegonha-joana.html
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