
SONETO ACORDELADO DE ONDE EU VIM
Data 18/03/2011 18:56:32 | Tópico: Poemas
| A briga do diabo Com quem domina o céu Enquanto aqui me acabo Nas tramas de um cordel Escorrega o quiabo E sigo sempre ao léu E também já desabo E sei do tom cruel Do verso desenhado Em tom atroz e rude Depois do desejado Ainda desilude E nisto o meu passado Expressa esta atitude.
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Pudesse vez em quando Saber do que me espera O mundo desabando A voz dura e sincera De quem soubesse em bando A sorte que não gera Senão amordaçando A senda atroz e fera; Negar qualquer caminho Imenso ou mesmo após O tanto em desalinho Agora visto em nós, Quem fora tão sozinho Nem ouve a própria voz.
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Na sorte atocaiada Momento em desafeto A vida traça o nada E nisto me completo Depois da madrugada Tentando algum afeto Varando esta alvorada Apreço ora deleto, E sei do mesmo caos E nele busco a luz Enquanto outros degraus Aonde reproduz Os ermos ledos maus E neles não me pus.
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Jogado pela sorte Em meio ao temporal Sem ter quem me conforte O dia mais venal O canto sem meu norte O mundo desigual, E nada mais aporte Um sonho magistral, E tendo como ocaso O verso sem valia O tanto quanto atraso A velha hipocrisia Marcando em puro acaso O quanto não teria.
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Da lua sertaneja Catulo já dizia O quanto se deseja E molda a poesia E sei cada peleja Aonde poderia Vencer enquanto seja A vida em melodia, Não tento adivinhar O passo que não dei, Aonde me entregar Se eu fosse então teu rei Restando algum luar E nele eu mergulhei.
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Não vejo esta princesa E nem mesmo o castelo E quanto a vida ilesa Expressa o passo belo E nele esta certeza Enquanto aqui revelo A vida em fortaleza Nas mãos velho rastelo, Mas luto em aridez Cenário sempre agreste E nisto o que se fez Deveras não trouxeste Marcante insensatez Grassando a fera peste.
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A trova recomeça E nada determina A vida já sem pressa E nisto me fascina A luta que tropeça E sei da rara mina Aonde esta promessa Decerto me domina, Pousando noutro rumo Encontro alguma luz E sei do que resumo Ou tanto se produz No velho e ledo sumo E nele em vão me pus.
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Vingança que se faz Em tramas mais diversas E sei do passo audaz Enquanto sempre versas, O canto contumaz As sortes vão imersas Depois da imensa paz O tanto desconversas, E sei do descaminho Em tom atroz e rude, Depois do meu carinho O passo que me ilude Pudera ser daninho E ter nova atitude.
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Jazigo da esperança O verso sem sentido O manto que se lança Jogado neste olvido O prazo que balança O tempo resumido, O mundo não mais cansa De quem tanto duvido, O canto noutro canto Viola noite afora E sei e não garanto O tanto que ora aflora Marcando em desencanto O sonho que apavora.
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Nadar contra as marés E crer no que não veio Sabendo por quem és E nisto em devaneio Seguindo sem galés E mesmo sem receio Os dias em meus pés As luas noutro meio O mundo se anuncia E nada mais se vendo Somente a fantasia E nela o dividendo Determinando o dia Tão claro ou mesmo horrendo.
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Jamais me desejaste Eu sei e não reclamo O tempo em tal contraste Deixando cada ramo Ausente deste traste Enquanto ainda exclamo A vida traz desgaste E disto nada chamo, Mas vejo outro momento E nele o que se vê Expressa o sentimento Sem ter sequer por que O verso que hoje tento Procuras. Mas, cadê?
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Nas tramas mais audazes Nos olhos do futuro Ainda quando trazes O porto mais seguro O tempo traz em fases O quanto sei maduro O tanto quanto embases Em dia tão escuro. Não pude e nem quisesse Viver em plenitude A sorte traz a prece E o verso não me ilude Deixando o que se esquece Procuro uma atitude.
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Batalhas entre tantas Que a vida prometera Depois tu me adiantas Pavio aceso e cera E sei quando garantas O quanto não vencera A luta onde agigantas E tanto padecera A morte não se cansa E sei desta fartura E nada em confiança Deveras já perdura, O mundo em aliança Do fim ora assegura.
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Posando como trama Diversa da que vejo O certo dita o drama E nele o malfazejo Tormento não reclama E sempre o que desejo Expressa enquanto clama A vida em novo ensejo, Vestindo a sorte imensa Que tanto desenhaste O mundo não compensa Sequer desenha esta haste E sei da fúria imensa E nela este desgaste.
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Jagunços da esperança Os versos solidários Aonde com pujança Seriam quais corsários E vejo enquanto avança Os vãos itinerários E sei da velha lança Em dias mais contrários Navego contra a fúria Dos ventos costumeiros E tento após a incúria Ainda ver canteiros No quanto sem luxúria Meus sonhos derradeiros.
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Brindando com cristais Em noite deslumbrante Eu quero muito mais Do quanto se garante E sei que tu me trais E vejo doravante Os dias terminais, Jamais algo adiante, Somente este vazio Semente morta em chãos Diversos do que crio Inúteis, pois os grãos E sei do desvario Em dias turvos, vãos.
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Na ponta desta espada Na faca foice e corte A vida após o nada Expressa enfim a sorte E vejo desolada Ainda a luz que aborte A rara madrugada Moldada em dor e morte, Não tento adivinhar Sequer algum espaço E quando sem luar Encontro o meu cansaço E possa mergulhar No sonho aonde o traço.
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Bisonho passo envolto No tempo sem razão E sei seguindo solto Os dias que verão O tempo enquanto escolto Os ermos deste vão Num mar tanto revolto Sem leme e sem timão, Apenas adivinho A dimensão do tombo E quanto mais carinho A vida traz o rombo E nisto cada espinho Penetrando no lombo.
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Apresentando o verso E nele se vingando A luta onde o perverso Traduz o quanto e quando O mundo eu desconverso, Mas sinto desabando E quando estive imerso No fim se desvendando O passo sem firmeza A queda se anuncia E mesmo na incerteza Eu bebo a fantasia E tento outra surpresa Além da que eu veria.
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Na ponta do fuzil, Na boca no trombone O tempo não mais viu Enquanto desabone Cenário aonde vil Tocasse o telefone E nada neste ardil Presume noite insone, Vagar contra o que trazes E crer no fim de tudo, A sorte tem as fases E sei não mais me iludo, E bebo dos mordazes Caminhos e não mudo.
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Soneto acordelado E seja o que quiser Cordel assonetado Nas tramas da mulher Vestindo o meu passado Aonde o bem me quer Pudera repousado Vivendo como der, Não tento outro caminho E sei do mesmo igual Ainda se daninho O corpo sensual Precisa de carinho, É feito em sol e sal.
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Morena se pudesse Daria todo império E sei do quanto tece A vida em tom mais sério No canto feito em prece O verso sem mistério Amor jamais se esquece Firmeza de um minério. No prazo determina O ocaso que não veio A sorte cristalina O mundo sem receio, E sei da clara mina E dela cada veio.
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Amor que nos condena E traz felicidade Em noite mais serena Expressa a tempestade E sei quanto envenena E sempre mais agrade Quem bebe desta amena Razão da claridade, Não pude e não veria Sequer outro momento E tento a poesia No fim já desalento E vivo a cada dia A luz e o sofrimento.
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Brincando com o quanto A vida não permite O todo rege o pranto E sei deste limite Aonde em desencanto O prazo eu necessite Vestindo o que garanto Não traz qualquer palpite, Jogado sobre as ondas Nos mares da esperança Sem nada que respondas O tempo já se cansa E quando correspondas, A praia se fez mansa.
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Mas luto contra o medo E brindo com ternura A quem tanto eu concedo Um gole de amargura O verso noutro enredo A sorte não perdura E o prazo do segredo De nada me assegura Somente o que se sente E nada mais presumo, Do tanto onde é frequente A vida em sorte e sumo, O passo de um demente Jamais acerta o rumo?
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Escondo cada verso Dos tantos que criei Nas redes do universo Aonde descansei E sempre desconverso Ousando ter no rei O sonho mais perverso Que tanto desenhei, Não posso acreditar Nem mesmo isto faria Nas tramas deste mar Em água audaz e fria, O canto a se mostrar Sereia me traria.
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Respaldos que procuro Enquanto solto a voz No tempo mais escuro O mundo mais feroz, O tanto que amarguro O passo dentro em nós Depois do que asseguro Escondo em mim o algoz, Não pude e nem tentara Ao menos perceber Além desta seara Um canto pra viver E a vida se prepara Em busca do prazer.
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Servil ao sentimento O pobre coração Procura este alimento Em forma de ilusão, E sei do que atormento Ou mesmo em direção Ao mais terrível vento Naufraga a embarcação E tanto quanto pude E sei jamais estive Vivendo a juventude E nada mais contive Somente esta atitude Que em sonhos duros crive.
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Mascando o mesmo tiro Que tanto desejamos O canto que retiro Os olhos dizem ramos Diversos e prefiro O quanto desenhamos Depois do quanto giro Apenas garimpamos Palavras lavras, armas E nisto sabes bem Do quanto sem alarmas As almas seguem, vem, E tanto se desarmas Não serás mais ninguém.
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Na lua que se traça Em plena claridade O vento sem fumaça A volta em liberdade, O sonho chega à praça E sei do quanto agrade Num gole de cachaça Cervejas? Nova grade. O prazo determina O verso que não fiz A sorte se alucina E vejo este infeliz Cenário onde a menina Expõe tal cicatriz.
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Jamais eu poderia Tentar outro caminho A noite mesmo fria Presume algum carinho A sorte esta vadia Abandonando o ninho Decerto não viria E sigo em vão sozinho, Mas quando se apresenta O corpo desta musa A senda diz tormenta E o sonho logo abusa Apenas se alimenta Do quanto já não usa.
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Capacho deste sonho Aonde mergulhemos Após o mais medonho Momento em tons extremos E vejo o que proponho E nisto só teremos O verso mais tristonho E o barco ora sem remos, Externo esta vontade Enquanto aqui ponteio A luta desagrade, Porém se faz o meio Aonde a liberdade Expressa o quanto anseio.
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Não pudera incerteza Tomar esta atitude E sei da fortaleza Embora o fato mude O canto em tal surpresa Aonde o sonho eu pude Vestindo com leveza A velha juventude, Não tento acreditar E nem mesmo teria A sorte de vagar Além na poesia E quando mergulhar No mar em fantasia.
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No prazo que se finda O verso sem proveito A noite se faz linda Contigo então me deito, Mas sei do quanto ainda O canto insatisfeito Procura a luz infinda Em vão no nosso leito, Restara deste todo Apenas desengano A vida num engodo O tempo dita o dano E sei do imenso lodo Enquanto em vão me ufano.
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O preço que se paga Ao menos valeria Não fosse a velha praga Da dura nostalgia Tomando inteira a plaga E nada mais se via Sequer o que me afaga Expondo a covardia, A faca em minhas costas O olhar sem horizonte E sei que enfim não gostas Do quanto amor desponte E deixa sempre expostas As teias desta fonte.
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Mas tanto se pudesse A vida noutro salto E quanto vejo a messe Deveras eu ressalto O amor que não se esquece A sorte em sobressalto O verso me enlouquece E sigo mesmo incauto, Não pude ter no olhar O quanto a desejei E sei deste lugar Imensa e tensa grei Aonde o meu sonhar Inteiro eu mergulhei.
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Não tento novamente Voltar aos meus sertões E sei do quanto mente As tantas ilusões E nisto se apresente Após as decepções Deixando então doente O olhar que enfim expões, Não tendo outro caminho Sequer a bela rosa Supera algum espinho Em noite caprichosa Procuro em vão meu ninho, A vida em polvorosa.
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Jamais pude viver As tramas deste encanto E quanto em desprazer Apenas eu garanto O dia a se perder E nisto se levanto A voz ou passo a ver Somente enfim me espanto O resto da emoção Que tanto resguardara Agora em dimensão Diversa se escancara As sortes não trarão Sequer a noite clara.
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Declaro e na verdade Ausento do momento Aonde o tempo invade E o sonho eu alimento Na sorte que me agrade No canto sem lamento Ou mesmo a liberdade Gerando o pensamento, Não pude acreditar Nos erros costumeiros De quem sabe o lugar E nele seus canteiros Vagando no luar Momentos derradeiros.
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O verso que se traz Na sorte de quem ama Decerto mais audaz Expressa além da chama Marcando o que se faz E nisto não reclama Da luta mais mordaz E invade toda a trama, O prazo determina O fim desta ilusão, Mas quando vejo a mina Mudando esta estação A sorte me fascina E o sonho faz serão.
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Lutando contra tudo E nada mais sossega O verso onde me iludo A sorte sempre cega, O canto onde amiúdo A voz que já navega Bebendo sem, contudo Prever a nova entrega Dos passos entre cantos E neles o meu rumo Mostrando teus encantos E sei quando eu assumo Os dias entre tantos, E neles me consumo.
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Tocaia da esperança Ao menos poderia Trazer além da lança A sorte em tal valia E sendo o que me alcança A noite moldaria A lua clara e mansa Propensa à poesia. Poreja esta vontade E bebo noutro gole O quanto em liberdade A vida sempre bole Mesmo que desagrade Amor invade e engole.
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Declaro com meu verso O quanto quero em ti O sonho mais disperso Agita em frenesi E sei quanto diverso Do todo que senti Bebendo este universo E nele me envolvi Serena e brandamente A vida não traduz O quanto se desmente E traça apenas cruz, Do olhar seguindo em frente Procuro a imensa luz.
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Um dia poderia Ousar e ser além Do quanto uma alegria Deveras sei que tem, O canto alegoria A sorte sem desdém No todo mudaria O sonho que convém… Respaldos do passado Futuro não garante O tempo aonde brado Decerto noutro instante Num tempo anunciado Eu vejo-o degradante.
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Sementes que procuro E tragam benfazejo Caminho onde seguro O sonho que ora vejo Traduz e já depuro As ânsias de um desejo Saltando sobre o muro Além deste azulejo, Porém já me iludira E sei deste momento Aonde uma mentira Regesse o sofrimento E nisto o quanto gira A sorte, eu sempre tento.
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Menino sem juízo À solta no quintal Enfim eu me matizo No sonho magistral E deste paraíso Jamais vendo outro igual As roupas que preciso Quarando no varal Dos sonhos, a esperança Não traça novo plano E quando a sorte avança Deveras não me engano Voltando a ser criança No amor tão soberano.
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Sem ter qualquer promessa De força ou heroísmo Nem mesmo se tropeça Na beira de um abismo, O sonho dita a peça E sei enquanto cismo Bebendo o que me impeça Do torpe cataclismo, A sorte que ora rege O passo deste canto E sendo mesmo herege Contigo eu me garanto No amor que assim lateje Deixando atrás o pranto.
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Capaz de fazer sol, O dia não pudera Vencer este farol Tomando a primavera Depois neste arrebol A vida sem espera Eu sou teu girassol, Uma alma mais sincera Ousando acreditar No dia em plena luz, Depois deste luar, Ao quanto nos conduz Vontade de ficar Amor fazendo jus.
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Espero que se tente Apenas novo passo E mesmo descontente O mundo quanto o traço Não sai da minha mente Morena e seu abraço, O corpo já pressente E busca este regaço, Sem pranto o colo é rede E nele meu descanso Retrato na parede Enquanto em ti avanço Matando a minha sede Num ato audaz e manso.
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Termino o meu cantar Com toda a sensação Do amor a se mostrar Em cordas, coração Vivendo no luar A sorte em emoção Prevendo o desenhar Dos dias que verão A vida com firmeza Vencendo algum temor As cartas sobre a mesa A luta sem rancor Amor é fortaleza E vence o que se opor.
com a mão viciada no soneto tentei fazer um cordel, e no final ela me traindo fez este híbrido entre os dois, acho que é inédito e espero que gostem, resolvi apelidá-lo de soneto acordelado
abraços marcos
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