
Paris
Data 15/03/2011 18:27:40 | Tópico: Poemas -> Sociais
| Cresci na Cidade de Luz, Num cantinho bem escuro. Minha cabeça , como uma avestruz, Enterro no alcatrão; o calmo procuro.
Cresci longe da cidade turística. Cresci do outro lado do postal. De romântica só mesmo a mística Porque de verdade a capital é brutal.
Cresci num bairro de má fama Com charros e carros a arder. O jornalista nos difama. Lugar nenhum na sociedade nos querem ceder.
Crescer entre drogas e prostitutas Leva-nos a crescer mais depressa. Mães não têm substitutas Mas a rua ensina-nos a viver a pressa.
Ontem, os nossos pais construíram prédio Atrás de prédio por salários de miséria. Hoje os filhos soltam o ódio e o tédio E o governo concluiu que a ameaça era séria
Mas talvez seja demasiado tarde. Prenderam as pessoas por parvas E hoje, se tudo a minha volta arde É porque recusamos rastejar como larvas.
Não nos querem deixar subir na vida E nós não queremos ficar pregados ao chão. A doença cresce e a revolta é ferida Mas o que viram é apenas comichão.
Quem não é de cá, a nada tem direito Seja permanente, seja passageiro. Pregam os Direitos do Homem a torto e a direito Mas de um lado há o cidadão, do outro o estrangeiro.
Não sou muçulmano, sou cristão Mas respeito a sua crença e suas ciências. O meu vizinho não era um terrorista, era um irmão. Custa ouvir que o Islão é a sida das consciências.
Dizem que somos criminosos por natureza Mas não podem acusar quem nada tem De querer mais e melhor sem ser por avareza E sem ter inveja daqueles que tudo têm.
Da polícia não espero protecção. Chegam a bater e a abater miúdos e graúdos. Só sabem fazer repressão. Sarkozi, neste verso, eu te saúdo.
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