
mandacaru sem flor
Data 13/03/2011 02:09:06 | Tópico: Poemas
| cacimba seca, útero retorcido vazio se encontra o meu saco de palavras como se elas me fossem completas estranhas e nenhuma nunca houvesse me habitado nas entranhas: zero intimidade entre nós. entre elas e eu, mandacaru solitário que espera em vão, a beleza da branca flor, que até mesmo a brasa do sol estéril faz parir para alegrar o cinzento do sertão. cinzas no meu coração calcinado, secura na alma, aridez do cotidiano monotonia do sempre igual, umidades raras ah! que saudades da umidade tempos de coloridas emoções entusiasmos pueris, sentido de pertencer, pertencer a um mundo cheio de sentidos. Mas eu ,eu por ora, não sinto nada e escrever estes versos, puro sacrilégio de quem escreve, burocrata da palavra, só para não ser expulso da profissão. deveria haver leis que proibissem estes atos de poetas insensatos para que toda secura fosse sorvida até o fim castigo merecido, voto de silencio decretado para os que, como eu, desdenham do oficio, quando jorram aos borbotões, invadidos por sagrada inspiração. perdão! perdão!
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