
Cinquenta cêntimos
Data 11/03/2011 15:55:15 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| No nevoeiro da dúvida frio e escuro, com um receio assustadoramente atroador, lá se foram vincando algumas (mais atrevidas) questões. Porquê mundo? Porquê amor? Porquê tudo suave? Porquê tudo tão duro!? Veio um e disse-me: “Amor? Vale pouco ou mesmo nada. Agora faz-me lá um favor e traz-me uma bem gelada.”
Não quisesse eu um esclarecimento que me iluminasse o pensamento, Permaneci. Obstinado e pertinaz na certeza da minha perplexidade.
E outro: “Numa situação tão atribulada onde pouco tempo me resta, (e o que sobra já não presta) para tratar de tanta papelada, vens-me tu melgar a cabeça - a mim, que estou com pressa – falando-me de um tal de amor, essa história que já sei de cor? Pega lá uma esmola e vê lá se dás à sola!”
Dormente. Estava dormente. Dor. Mente. Doía-me a mente. Procurava quem soubesse o que sente!
Até que veio outro e disse: “O mundo? Esse é mero Amor. Aceite ou não o senhor, cinquenta cêntimos o seu valor mais que isso: exagero!”
Rui Gomes
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