
OUTONONO... NÃO ESTÁS SÓ
Data 26/02/2011 16:00:12 | Tópico: Poemas -> Tristeza
| Olho pela janela do meu quarto. As folhas caem lentamente com a brisa fria. É outono… Úmidas manhãs… tardes tristes… noites frias. Posso perceber na face das pessoas o cair do outono… Na ausência das cores… da alegria. Os vários tons de cinza e marrom preenchem agora as pessoas. Nas suas almas… nas suas vestes… nos seus gestos. Tenho a nítida impressão de que o outono nos rouba a alma.
Preciso acreditar que o outono… Consiste em muito mais do que uma simplória estação. Em sua veste tão densa… traduz-me e faz-me pensar… Na grande decepção e lamento… do tempo, da vida… em sua tradução. Por todos os amores desfeitos… Por todos os adeus que foram dados… Por todas as esperas do que nunca veio… Das promessas nunca cumpridas… Do que se sonhou e abortou-se em sonho… E se faz outono.
Começo a lembrar-me que há estações em nós… Assim como no tempo. E quando é outono em nós… é hora de desfazer-se. É hora de fechar ciclos… limpar-se a alma. Chego a sentir a dor do outono. Pobre outono… acompanhado pela marcha dos tristes. De vestes tristes… de cores tristes e rostos molhados. Compreendo-te, outono… Precisas mesmo mergulhares em ti mesmo. Não… não posso acompanhar-te… perdoa-me. Ainda é sempre primavera em mim… Mas prometo contemplar-te por todos os teus dias de passagem… da minha janela. Saudar-te com o meu aceno mais afetuoso… E comemorar contigo cada renovação tua. Vem, outono. Renova e renasce… Caminha em paz sob a minha janela.
Karla Mello
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