
Pra ser engolido sem água
Data 24/02/2011 16:08:40 | Tópico: Poemas
| Já não sei se realmente estou no ano 2000 Se os revolucionários ainda insistem em tomar banho de sangue Ou se os meus patrões ainda brincam de guerra de ketchup Tudo que eu penso ou calo pertence a mim Mas até as minhas barbas vocês querem de molho inglês E não é preciso ter mais de 3 olhos para ver Não é preciso ao menos saber enxergar Pois o tiro quando ecoa é porque não te atingiu A pele quando arde é que foi queimada por alguma pele de gelo
Ainda crucificamos cristos e pessoas Ainda respiramos e transamos com todo tipo de veneno E eu me pergunto quanta carne humana ainda vou comer O meu livro da vida continuo deixando escreverem em folhas de jornal Escritas sempre por alguém que sabe mais do que eu E por isso mesmo mente mais do que meus pais Acerca da vida, das cercas, cercanias e sacanagens
Ainda acredito que Dom John vai voltar para nos resgatar para uma nova jaula Acredito que de tantos beats nosso coração vai finalmente cansar De tanto preciosismo ficaremos todos miseráveis E no fim de tudo restará apenas pão e pedra Comeremos pedra, mataremos com o pão E os poetas vão se engajar em só rimar maçã com Apple
Enquanto isso na lua ainda há silêncio No meu peito ainda escorre sangue, amor e outros déficits Ainda solto as minhas borboletas para que me cortem com o seu cerol Do texto eu não guardo mágoa alguma Não, do texto eu não guardo nem remorso Mas não o verei jamais como um amigo em quem confiar Eu nunca entendi o que as pessoas dizem ser felicidade Para mim sempre foi jogar as horas fora E plantar rios de lágrimas e sorrisos até na hora do comercial E nunca vai adiantar nada tatuar a paz na epiderme da bomba H
Não sei como o meu eu lírico sobreviveu a tantas novelas Deve ser porque ainda consigo respirar Deve ser porque ainda tenho tristeza Porque ainda escrevo o que eu quero Fora das regras, fora de hora, fora das minhas fronteiras Não preciso de paz, não preciso de mim Felicidade sempre será sinônimo de lágrimas
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