
Metamorfose
Data 10/02/2011 12:53:27 | Tópico: Poemas
| Sou cria do interior, gerada em noite de luar Forjado na lida do campo em meio à geada Tive infância bem vivida, não posso me queixar Mas aprendi a ser gaudério, bem no início da empreitada
Já levantei bem cedinho pra olhar os bois na invernada Acender o fogo de chão utilizando o braseiro Já quebrei milho na roça, já cheguei de madrugada Procurando os desgarrados que estavam no potreiro
Já amanheci acampado ao lado da cachoeira Esperando o temporal pra sujar a água do rio Preparando o anzol com a linha de primeira Para pescar o dourado e vencer o desafio
Já amanheci mata à dentro, tirando tatu da toca Dando lance de rede, para tirar as traíra Nunca corri de briga, muito menos de chinoca Índio “véio” peleador, se hoje encontro me admira
Tanta coisa eu já fiz, que às vezes até me espanta Tantos bailes eu já fui, tantas prendas namorei De tanta prenda bonita, só uma hoje me encanta É a dona do meu rancho, chinoca com quem me casei
Para encurtar nossa prosa, já estou sentindo saudade Tudo aqui é diferente do que eu estava acostumado Larguei a lida do campo e vim morar na cidade Aprendi a fazer versos para relembrar o passado Não tenho muito dinheiro, mas tenho felicidade Sou amado e sei amar, sou poeta apaixonado.
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