
Dialectos do vazio
Data 02/02/2011 07:50:00 | Tópico: Poemas
| Hoje seguro meu coração Como um menino que chora Sem razão Sem solução Infeliz com a demora
Choro porque choro Sem procurar a solução Caio ao chão Que a vida em mim amassou Sou pêndulo Caído Relógio parado Barco ancorado No dia sem fim E de quem me lembro E que já chamei Foi assim que um dia amei Na dor que me toma de assalto E me derruba as muralhas No morrer do sol Sou pássaro De bico no anzol Fechado em uma gaiola Acorrentado ao passado do agora
Carminda:
Recorda teus bons momentos e preenche este vazio, logo mais estarás acolhido por quem te amas.
Anacleto:
Esperando eu quem já não espera por mim Porque? Porque espero Essa hora
Carminda:
Pq. falas assim? Ela te espera sim
Anacleto:
Esse segundo onde a dor Me destrói o amor Gloria para o céu Chuva para a terra Queima qual deserto incerto Sou soldado derrotada Poeta desincorporado Pela vida mal tratado Mas que agora? Se levanta agora em mim Nesta corrida que inicio no fim Será que me ouves? Ou apenas me tentas escutar
Carminda:
Ela te ouve
Anacleto:
Será que me podes apenas abraçar?
Carminda.
Eu te ouço
Anacleto:
Será que lá longe ainda existe esse luar Esse olhar Que um dia me pediu para ficar Essa voz que falou em amar
Carminda:
As nuvens passam e a lua aparece
Anacleto:
Em palavras que não quero lembrar
Carminda:
Sinta
Anacleto:
Mas vou lembrar Nesse mar que me incendeia
Mergulha
Não existe ar Como posso respirar? Sem teu corpo para beijar Sem tua alma para amar A quem poderei eu contar Meus sonhos de sonhar
Aos olhos de quem te quer bem Castigo Consentido De quem quer E não encontra um abrigo Nesta noite fria Nesta rua vazia Acende a lareira Onde a luz se torna apenas escuridão Partindo eu para a terra que me acolhe Junto para ti um batalhão de vaga-lumes para guiar-te No meu leito Na minha própria morte E morro de pé Pois já vive toda minha existência de joelhos Este caminho que te parece sombrio Esperando esta hora em que meus olhos fecham Apenas descansam
Dialectos do vazio por Anacleto Esteves e Carminda das Rosas
|
|