
NEVOEIRO
Data 13/01/2011 18:16:49 | Tópico: Poemas -> Sombrios
|
Nado, posto por sobre o rio, um nevoeiro de intenso frio, sobe as águas, até à cidade, como num grito de liberdade.
Se a Natureza o dita, nada há que a impeça: sabemo-lo já! É que dos deuses, a restrita lei, de ao povo, a plebe: aqui del Rei.
Fogueiam-se fogos em latas; vagabundos, enegrecem beatas, para enganar seu triste fadário – à distância, oculto, trina o canário.
Casas baixinhas, da baixa Lisboa, privadas de calor, na Madragoa, são feitas de estuque e velha pedra, aonde nem a erva, sequer medra.
De soslaio, de parte, o eu versejar, reparei, que o nevoeiro, é avançar, eloquente sem excepção ou franca fraqueza; e a nébula é tanta, tanta…
Nunca vi nada assim, por mi Sorte! Pudesse, chamar-lhe-ia, a vil morte! Aquela que, nunca se deixa prever, e só no breve instante o quem de ser.
Como esta cortina cerrada e friorenta, vinda do rio e da floresta, nevoenta, que não nos deixa ver um palmo de testa, por mais que perscrute: ao Ver não atesta.
Só tenho pena dos pobrezinhos, sem tecto, que os acolha; não têm ninguém, fugiu-lhes a Sorte, junto com a nébula – bebem café quente, com a mão trémula.
Vai-te, nevoeiro! Espera-te o calmo rio! Deixa-nos, já basta! E leva o teu frio! Escrevo à beira mágoa, os meus versos… escrevo; em nome, de tantos servos.
Jorge Humberto 13/01/11
|
|