
MEUS SONETOS VOLUME 142
Data 03/01/2011 22:15:57 | Tópico: Sonetos
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Relembro cada instante que vivemos, Momentos tão felizes do passado. Saudade no meu peito em alto brado Recolhe os paraísos que tivemos.
O barco naufragando sem os remos, Distante deste cais anunciado, Quem dera se eu tivesse imaculado O sonho que afinal, nós já perdemos.
Não posso te culpar pelos meus erros, Se os sentimentos morrem nos desterros Talvez quem sabe ainda tenha a sorte
De ter bem junto a mim, tua presença, Saudade com certeza é tão imensa... Na voz que reaviva o antigo corte...
1
Relembram o esplendor da fantasia Imagens que vivemos, com certeza. Estrada feita em rara pedraria, Expresso o nosso amor, rara beleza.
Mostrando na avenida a valentia Vencendo em destemor a correnteza, Enredo que se fez em poesia, Matando qualquer forma de tristeza.
O sonho desfraldando esta bandeira, Resiste a qualquer cinza em quarta-feira Na força de um passista coração,
Uma esperança vê de camarote, Cavalo galopante, nega trote Chegando à apoteose da paixão.
2
Releio no teu corpo, a mesma história, Qual fora uma criança seduzida Que mesmo que conheça de memória Percorre a velha estrada conhecida.
E sabe que afinal, a sorte e a glória Que tanto procurara pela vida, Outrora dolorida e merencória Conhece desde então uma saída
Ao torpe labirinto dos anseios, Tocando tuas mãos, boca e seios Eu sinto quão possível ser feliz.
Revendo a mesma senda deslumbrante, No enleio sensual e provocante Vontade de sentir e pedir bis...
3
Reinando soberana, continua A intrépida ilusão que nunca cessa. Imagem desdenhosa amarga e crua Parece aos olhos tolos, a promessa
Dos brilhos argentinos de uma lua Deitando mansamente sem ter pressa Por sobre uma mulher que bela e nua Desejo mais audaz vem e confessa.
Um sonho que demonstre além do nada Que sempre me acompanha dia-a-dia Tomado por delírio e fantasia
Durante a noite invade a madrugada Raiando tão potente em claro sol, Iluminando em glória este arrebol... Marcos Loures
4
Regue as plantas, querida, com cuidado, São elas testemunhas mais fiéis De quanto tempo estive abandonado Levando minha vida de viés... Bem sei que tanto tenho reclamado Saudade desta boca e dos seus méis... Mas finja que isto tudo foi passado... Não guardo uma amargura. Esqueço os féis. Eu sei que te amo muito. Isso não nego. Representas bem mais que imaginais. Entre dores, amores, eu trafego; Buscando explicação. Não sei de quê... Só sei que ainda te amo. Amor demais. Mas nunca pergunte mais por que...
5
Regresso do jamais eu tivesse ido Apenas cacarecos do que fui, Se a antiga fortaleza o tempo rui, Não resta mais sequer um só gemido.
Amarro o coração com uma embira E a porta escancarada já diz tudo, Ainda trago o cenho carrancudo Enquanto a vida passa e o mundo gira.
Mirando numa estrela; acerto o pé, Melhor tirar de cena o meu boné Do que seguir falando do passado.
Idéia de jerico; ser feliz? Não quero mais saber se existe bis, Tampouco seguir roto e destroçado...
6
Regresso ao paraíso deste encanto Unindo o nosso canto em doce sonho. Às vezes tão cruel, qualquer espanto No morde parecendo ser medonho
Tirando num segundo o nosso manto... Amada, não te esqueças que proponho Um mundo mais suave e mais risonho Distante do temível desencanto.
A nossa vida é plena de ventura E disso não me esqueço, sabes bem... Tu és a bela fonte d'água pura
Onde mato meu desejo e minha sede. Por isso tudo digo; amada, vem, Teu canto está guardado nessa rede...
7
Regressas ao jardim de nossa casa E vês que nada muda de repente. Arranco cada mal pela semente Mas tudo o que se planta não compraza.
Se o tempo tolamente, já se atrasa Estrada que seguia lentamente, Vagando como fosse uma serpente O bote preparado ferve em brasa.
Na tortuosa curva do passado Tortura em agonia tem passagem. Metade do que quero sem paisagem
Esquece outra metade aqui do lado. Amar não é pagar mico, eu garanto, Mas cheque sem dar prazo causa espanto... Marcos Loures
8
Registros do que fomos, teu diário. Demonstram quão inútil fantasia Ao ler o que a saudade descrevia Encontro um sentimento temerário.
Não foi talvez um conto do vigário, São raros os momentos de alegria No fundo nosso amor já não cabia Morrendo sem luar, desnecessário...
Notícias não deixou, quem já partiu, Usando da esperança como ardil Não deixa como herança quase nada.
Agenda que encontrei nos teus guardados, Apenas versos vãos, desencontrados Mensagem ao vazio destinada... Marcos Loures
9
Registro a cada olhar esta certeza Que tanto me apascenta; és só minha. Quando melancolia se avizinha Eu bebo deste brilho, rara beleza.
Gerenciar a fonte e a correnteza, Servir a quem transforma e mostra a linha Aonde o pensamento; uma avezinha, Encontra o seu destino com destreza
É tudo o que mais quero. E neste fato Vencendo o dia-a-dia tão ingrato Eu posso decifrar felicidade.
Assim, somos um só e juntos vamos, Unidos pelo sonho, opostos ramos Fazendo deste amor nossa unidade...
10
Regando o meu canteiro com teus versos, Adubos encontrados nas palavras, Cerejas entranhadas de universos, As larvas afastando-se das lavras.
Lavando o meu olhar em poesias, Aguando as ilusões com frases soltas, Tenebras entre trevas, fantasias, As ondas já não são tão mais revoltas.
Usando da esperança como anzol, As águas turbulentas, pontes quebras. Fantásticas manhãs sucumbem sol, Mentiras empalhadas tu celebras.
E a cobra que prepara um novo bote Sanguínea madrugada; dita o mote... Marcos Loures
11
Regalo de minha alma, uma saudade Enquanto me corrói, constrói um sonho Das sombras traz a luz, a claridade Que torna o dia-a-dia mais risonho.
Perambulando, eu sigo cada rastro Deixado nas esquinas, nos botecos, Meu barco encontra firme cada lastro, Do que vivemos, loucos, velhos ecos.
Arcanas maravilhas são arcanjos Que voltam do passado a nos dizer Que a vida já nos trouxe bons arranjos Nos quais nos embebemos de prazer.
Eu tenho esta impressão, qual cicatriz, Mostrando que há algum tempo eu fui feliz... Marcos Loures
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Refugos do que fomos no passado, São vestes que não cabem. As despreze... O tempo pode ser teu aliado, Por isso, as diferenças, sempre pese. Que o corte nunca seja aprofundado Que a faca do que fomos não te lese, Não digo que futuro é belo prado, Somente quero defender a tese De que a vida merece ser vivida Com olhos no amanhã. A cicatriz Já representa a cura da ferida. Moinhos só se movem com agora, Talvez pensando assim, seja feliz, Não use o que passaste como escora!
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Reflorindo a primavera, Dando nó em pingo d’água Pego o rabo de uma fera, Desafio qualquer mágoa,
Coração em louca espera Nos teus braços já deságua... Venha aqui para a tapera, Mas não trague tua anágua
Tuas coxas são bonitas, Merecendo uma mirada, Neste amor não acreditas?
Seja nossa a madrugada Recolhendo estas pepitas Bela mina cobiçada... Marcos Loures
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Reflito o que não tenho e não sabia Argúcia realmente, eu não possuo. A solidão jamais permite um duo A morte solitária se anuncia.
A boca que escancara a noite fria Já não permite mais qualquer recuo. Fingindo ser feliz, tão mal atuo Que ninguém acredita- é fantasia.
Bebíamos em festa inesgotável Sagrando o que sangrava em profusão. Uma amizade mostra em tal fusão
O quanto a vida pode ser tragável. Porém o tempo passa e nada resta, Somente a solidão, dura e funesta...
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Reflexos multicores reproduzem Teus olhos espelhando o meu olhar. Estrelas, pirilampos, todos luzem Nessa vontade enorme de te amar...
Cada gota de orvalho em bela flor Tua pele suada de prazer. Reviras universos, tanto ardor, Fazendo tanta dor já se esquecer...
Morrendo em tuas mãos, refaço a vida; Sentindo teu carinho, já mergulho. Em toda essa delícia repartida; Sentindo deste amor maior orgulho.
Percebo tanta paz em nossa vida Na bênção de te ter aqui, querida...
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Reflexos do luar sobre esta cama Prateiam a mulher que se espreguiça A noite em maravilha já nos chama, E o fogo feito em lua nos atiça.
Amar é poder crer que a noite em chama Aumenta cada vez nossa cobiça E vendo que o desejo nos reclama, A sorte recomeça em cada liça
Mergulho nos teus sonhos, sou teu par E danço a noite inteira sem parar, Alvejo teu amor com fina seta
E ao atingir teu peito nada resta Senão comemorarmos nossa festa No amor com quem a vida se completa.... Marcos Loures
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Reflexos de outros erros do passado, Cevamos os abrolhos do futuro. Do fim há tanto tempo anunciado, Cravamos más sementes, solo duro.
Pisando no fantasma injustiçado, Aumento pouco a pouco o enorme muro, Gigante e intransponível alambrado, Saída, na verdade não procuro.
E interno o coração neste gradil, Que embora saiba ser imenso e vil, No fundo me protege e me cerceia.
Matando o que podia ser o sonho, Cenário desolado que componho, Apodrecendo o sangue em cada veia...
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Reflexo dos teus olhos Espelho interior. Distante dos abrolhos Perfumas cada flor,
Desejos vêm aos molhos, Prazer em nosso amor. Janelas sem ferrolhos No peito sonhador.
Traço passos e sonhos Em dias mais risonhos Distante dos medonhos
Momentos que vivera, Amor em primavera Amor em flores gera...
Marcos Loures
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Reflexo deste sonho cristalino Deitando sobre os mares da lembrança Emanas o perfume mais divino, Formado pelo aroma da esperança.
Nefastas madrugadas já se foram, Deixando no lugar bela alvorada. Desejos mais sublimes que se afloram Permitem no caminho, uma guinada.
Na andança que me leve ao cais sereno, Desvendo cada ponto de partida, O quanto em alegria ainda aceno Expressa quão pacífica esta vida
Que quero desde agora até o fim, Marcando o que de amor resiste em mim... Marcos Loures
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Refletindo teus olhares Neste céu onde me aninho, Perdido buscando um ninho, Bebendo em distantes bares.
Olhos tais crepusculares Inebriam, doce vinho, Nas cordas deste meu pinho Serenatas aos luares...
Belezas raras que tece Um coração numa prece, Em busca das maravilhas.
Seguindo luzes fugazes Estrelas que sempre trazes, Por onde passas e brilhas...
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Refletidos, seguimos flutuando. No caminho arenoso que deixaste... Desérticos tormentos enfrentando Não há medo ou temor que não contraste...
Tuas bocas secretas, vou beijando, Velejando caminhos velas, hastes... Os incêndios soturnos, espreitando. Não há loucuras santas nestes trastes...
Amores que não pedes nada enfim... A mão que te machuca não te ampara. A boca que me morde, sem carmim,
O resto do que fomos já não para. A vida é bem melhor se for assim... Agora dormiremos, minha cara... Marcos Loures
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Reflete-se no olhar tanto fascínio Trazendo ao pobre vale o imenso cimo, Tomado por tal luz, sob o domínio Deste intenso clarão que quero e estimo,
Fator determinante, um vaticínio Dizia deste sonho em que ora primo Vencendo qualquer forma de escrutínio Sem ter nem procurar carinho ou mimo
Apenas por saber deste planalto, O coração tomando-se de assalto Prepara a fortaleza, esquece o abismo.
Qual fora um navegante sem destino, Vagando entre as estrelas, me alucino, E em senda fascinante teimo e cismo...
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Refletes nos espelhos semelhantes Disfarces, me traduz um doce luto... As dores mais amigas, viajantes, Lapidam nosso amor, que fora bruto...
Etílicos humores delirantes, Se fazem mais cruéis mas sou astuto, Não deixo penetrar, inebriantes... As chagas, minha perna sei, amputo...
Estagnado, vencido e sem pudores, Amor se defenestra e decompõe, Exala maus perfumes, seus humores...
Versejo persevero e não me caibo... No barco a solidão meu rumo põe... Procuro novo mundo... Maracaibo?
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Refletem o teu brilho, bela estrela, As águas deste mar, em calmaria. Pois sabem que somente por revê-la As ondas comemoram; alegria...
Milhões de pequeninas florescências, Gotículas de lágrimas percebem As saudades, terríveis inclemências Que as ondas deste mar de ti concebem...
Estrela radiante, perolada, Penetra bem no fundo do oceano, Revendo-te, a lembrança bem marcada, Do lume que traduzes; soberano...
Amiga; com certeza essa emoção, Já sente ao te rever, meu coração...
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Reflete sobre a rosa a bela lua, Trazendo nos seus raios, tal encanto Desfilando no céu, perfeita e nua. Transfere todo brilho p’ro meu canto...
Ó lua mensageira de esperança Meus versos te buscando, sem cansaço. Nas pétalas da rosa, a lua dança, Formando um belo quadro, traço a traço...
Invade, pois, minha alma, lua amada... Traduz tanta beleza em seu fulgor Espero por seus braços, madrugada, Na lua vou banhando meu amor...
Minha alma na tua alma continua, Por isso estou te amando, bela lua...
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Reflete cada aborto em minha vida As lágrimas perdidas sem sentido. Do quanto nosso amor mal resolvido Demonstre a cada instante a despedida.
Por mais que a solidão venal agrida Eu tento disfarçar, mas não duvido Que tudo se perdendo em vão olvido Um falso diamante se lapida
Erguendo em frágeis bases meu castelo, O quanto desejei ora revelo, Malhando tão somente em ferro frio.
Carpindo as ilusões que são fiéis, Amargo em agonia doces méis Os potes dos prazeres esvazio... Marcos Loures
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Reféns do amor imenso que nos toma, Fazendo desta vida, glória e paz, Dois corpos multiplicam cada soma E a vida nos propõe um canto audaz
Quebrando a solidão, já sem redoma, O manto da alegria, a noite traz, Felicidade imensa então se assoma E toda fantasia satisfaz.
Constelação divina, rara e bela, Deitando em minha cama, reina a estrela Que faz de cada verso, um brilho raro,
Vibrando de emoção vou e recolho Florada de ternura em cada molho, Moldando amor perfeito que declaro...
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Reféns deste desejo que não cessa, Meu corpo se arrepia quando vê, Mulher maravilhosa que é você, De todo este prazer, doce promessa.
Vem logo que esta noite já começa Com fome bem além do que se crê, Deitando na casinha de sapê O gozo mais audaz, o amor confessa.
De um jeito sem vergonha e sem pecado, O amor que a gente quer bem mais safado, Não deixa mais sequer algum marasmo.
Balança esta roseira devagar Que a gente mansamente vai chegar, Juntinhos à loucura de um orgasmo... Marcos Loures
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Reféns desta loucura, minha amada, Bebendo do teu corpo cada gozo, A noite se entregando à madrugada Fazendo o nosso amor bem mais gostoso,
Eu quero mergulhar de alma lavada, Tocando cada ponto, bem fogoso. Amor passando a ser da minha alçada Fazendo este caminho fabuloso.
As chamas que se emanam de nós dois, Fagulhas neste incêndio do depois Provoca em temporais o relampejo.
Sentindo a perfeição de teu perfume Da imensa cordilheira, além do cume Acolho o teu carinho em meu desejo
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Reféns de um mesmo encanto, em cantoria, Uníssona vontade que nos toma, O amor sendo maior; suplanta a soma, Multiplicado em paz e em harmonia.
Serenidade plena propicia E até à besta fera, vem e doma, Protege como fora uma redoma Instransponível. Forte, me irradia.
Excertos de cantigas e luares, Delírios entre loas e sonetos. Toando pelas ruas, mesas, bares,
Expressa o quanto é bom ter o que eu quis. A cada noite; imerso em tais duetos, Eu sinto-me deveras tão feliz...
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Refém destas quimeras tão antigas, Nas ondas deste mar interminável. Nos recitais da morte, nas cantigas, Sabendo deste amar inesgotável.
Nos tenebrosos vales da incerteza, Suado, sem sentido, quase morto. Sujeito às vãs loucuras da tristeza, Sem ter, nem madrugada, ao menos; porto.
O mar que, ao longe, brame, violento; Trazendo, em sua voz, meu infortúnio. Revolto sob a luz do céu cinzento, Saudoso desta noite em plenilúnio...
Refém das ilusões da mocidade, Ancoro em meu amor, tua amizade...
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Refém da compulsão que diz amor, Em versos e palavras, pensamentos Embora tantas vezes os lamentos Precedam solução em rara flor.
Aflora em minha pele os sentimentos Que me fazem ser simples trovador Na busca do ideal, um sonhador, Que teima em ter teus beijos como ungüento.
No imenso regozijo de ser teu, Meu sonho se cumprindo docemente, Quem teve a fantasia e a perdeu
Não sabe como é bom ser eloqüente Ao defender com força uma alegria, Mesmo que seja só em poesia...
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Refaz do desencanto, a fantasia, O verso sem os quês de uma esperança Por mais que a noite surja clara e mansa Saudade martiriza em agonia.
Ao mesmo tempo, maga, me inebria Se num segundo volto a ser criança Ao mesmo tempo falta a temperança E a noite novamente assim se esfria.
Imagem de um sorriso, outrora oculto, Este fantasmagórico e vil vulto Caminha pela casa novamente.
Atando nos meus pés, velhos grilhões, Causando do vazio, comoções, Felicidade foge, totalmente... Marcos Loures
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Refaço o meu caminho, novamente, Arrancando os espinhos vida afora. Espero que inda encontre e sem demora O que busquei outrora, inutilmente.
Por mais que a solidão inda se sente O cheiro da esperança ora se aflora, Não quero mais tortura, esqueço espora Deixo o barco correr, naturalmente.
Invoco o que passei por testemunha E em cada novo verso que eu compunha Não punha nem um pouco de verdade.
Eu sinto o vento fresco da manhã Tornando bem mais fácil meu afã, Meu verso segue em plena liberdade! Marcos Loures
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Refaço o meu caminho dia-a-dia Usando os velhos truques do passado, Deixando a fantasia já de lado, A sorte que eu desejo, o tempo adia.
Meu tempo de viver que se abrevia Enquanto vejo ao longe este alambrado, Deveras estaria acostumado, Porém o coração diz teimosia...
Sanando os meus enganos e pecados, Os olhos encharcados nada vêm E quando este vazio me contém,
Ouvindo dos poetas, os recados, Acendo esta fornalha e faço um verso Que segue e vai sem rumo, em vão, disperso...
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REFAÇO NOSSO AMOR EM PRIMAVERA DAS FOLHAS QUE VIERAM FORMO FLORES, A VIDA NOS TEUS BRAÇOS, QUEM ME DERA, DEITANDO NO TEU COLO, MEUS AMORES...
SENTINDO TUAS MÃOS TÃO DELICADAS, FAZENDO DOS TEUS BRAÇOS, PORTO E CAIS... AS FLORES QUE SE FORAM, DESCORADAS, NÃO VOLTAM E NÃO QUERO NUNCA MAIS...
ÉS MANSA FONTE EMBORA TÃO BRAVIA. TE QUERO E NÃO DISCUTO MAIS, PROMETO. PASSAR VIVENDO EM TUA COMPANHIA, O QUE RESTAR DO SONHO MAIS DILETO.
AMOR QUE É TEMPESTADE E CALMARIA. VIVENDO DESTE AMOR, VOU TODO DIA...
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Refaço cada passo no teu rastro Atravessando ruas e países Seguindo com certeza amor qual astro Que muda num segundo estes matizes.
Atiças as vontades mais audazes Em liças e batalhas prazerosas, Todos os desejos satisfazes Dourando meu caminho enquanto gozas.
Vencido sem ter chances de lutar Embarco neste sonho, sou cativo De toda esta loucura a te buscar, Querida o tempo inteiro, sempre vivo.
Quarando nossas roupas no quintal Do sonho que é perfeito e sem igual... Marcos Loures
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Refaço a caminhada de outras eras, Revendo as pedras todas, os espinhos. Na ausência de conforto e sem carinhos, Atrás de cada passo, frias feras.
Amores e amizades, só esperas, Os dias pardacentos, pois sozinhos, Do amor que tanto eu quis, nem burburinhos. Os sonhos tão tristonhos, são quimeras.
Mas hei que ao perceber tua chegada, A vida se mostrando transformada Permite um novo alento, fantasia.
Envolto nos teus braços, sou feliz, O céu se torna claro e nunca gris, Encontro finalmente, esta alegria...
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Redimes com a rede de teus braços Os erros cometidos no passado, Tecendo a cada dia novos laços Eu vejo o amanhecer anunciado.
O amor não suportando enunciado Estende em mansidão, sentidos lassos, Até chegar incólume aos espaços Deixando a solidão sempre de lado.
A voz que se embargando em poesia Criando a solução que quero e anseio Nas mãos de uma esperança, o fogo ateio
Fartando-me depois desta alegria Que enquanto sonhador tanto queria, Deitando o meu prazer sobre teu seio... Marcos Loures
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Redemoinhos giram carrossel Princesa adolescendo qual bacante Deixando como um rastro feito em mel Aborda o seu centauro ao mesmo instante.
Rodando nas roldanas, nos moinhos, Baladas embalando lisergismos Alucinadamente trama vinhos Causando mais furores, sinergismos
Cataclismos provoca, ebulição Calcinha à mostra leva a tempestade Poder que sempre traz transformação Moleca desfilando mocidade
Ficante oficial do condomínio, Amor exerce sempre o seu fascínio... Marcos Loures
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Revolvo toda a terra e todo o mar Em busca de quem foi e não voltou. Às vezes eu me canso de esperar; Bem sei que tanto tempo já passou...
Amar assim, demais, não vale a pena. Eu sei que esses meus versos são esparsos. Saudade, de repente vem e acena E grito, por seu nome, nos espaços...
Amiga, como é bom saber que existe Alguém que sempre está junto comigo. Não deixe que essa vida, sendo triste, Acabe em tanto mal e desabrigo...
Eu peço, te implorando, minha amiga. Impeça que esta busca vã prossiga...
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Reverto meu soneto, reverbero Concerto que se fez jamais espero Aperto que me deste eu não venero Desperto para o mundo que não quero Sensos encilhando meu futuro Imensos os ladrilhos deste muro. Tensos os momentos, vou escuro, Pretensos os delitos que perduro. Inatos sentimentos são remotos Versando sobre restos inauditos Retratos esquecidos terremotos. Alçando tantos vôos infinitos Recatos diluídos nestas fotos Mostrando estes teus seios tão bonitos...
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Reverso da medalha, o pesadelo Que toma este cenário tão sombrio. O amor que tantas vezes fantasio Não posso e nem talvez queira mais vê-lo.
Quem dera se inda houvesse algum degelo Negando a sensação de imenso frio, Promessa de um vindouro e bom estio. Não tenho nem mais forças pra contê-lo.
Enfadonhas palavras, lavra o peito As larvas do passado ressurgidas Nas carnes pelas dores carcomidas,
Dizendo do vazio em que me deito. Ressonam esperanças mal urdidas, Há tanto apodrecidas, vãs, perdidas...
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Rever este caminho que fizemos Em busca deste espaço que sonhamos. O medo de viver, nós já perdemos, Agora somos mais do que pensamos.
Estrada pavorosa da tristeza, Bem sei que tão difícil,tão escura. Deslinda nesta lua uma beleza, Premente de calor e de ternura.
Não temo mais a dor, sou infinito Neste amor que não me cobra. Teus olhos, toda noite, vou e fito, Minha alma de prazeres se desdobra...
Palpita um coração tão desejoso Que sabe, deste amor, ser orgulhoso...
45
Roubando de teus lábios doce mel, Amada me encantaste totalmente, Sabendo que ao te ter eu ganho o céu, Eu quero me entregar completamente.
Ao colo tão macio e desejado, Dormir sem ter sequer medo de nada, No sonho deste amor acalantado Uma esperança santa acalentada...
Felicidade aos molhos eu colhi Depois de ter achado tais abrolhos, Na claridade intensa que só vi Na beleza sem par destes teus olhos...
Eu quero teu carinho e nada mais, E a noite do meu bem prossegue em paz...
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Roubando da alegria o farto mel Meus sonhos embalados pelo canto Da Musa que se fez em claro véu Tomando esta amplidão em raro encanto.
Por tanto que eu te quero e sempre quis Eu sinto que terei a boa sorte De ser e perceber bem mais feliz A vida que se dá em novo norte.
No aporte deste sonho dentro em mim, Mergulho nas fagulhas, ganho o mar Alvíssaras encontro no jardim, Nas flores de beleza já sem par.
Nas leves transparências posso ver Um mundo que permite mais prazer... Marcos Loures
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Roubando a cada volta o teu batom Na dança interminável noite afora. Ouço maravilhado o belo som Que em toda melodia já se aflora.
Temperos deste sonho sem ter fim, Sobejas emoções nos decorando, Alentos que se espalham no jardim Do tempo sem ter onde, quanto ou quando.
Não quero descaminhos nem mortalhas Apenas o sorriso promissor Desejos preciosos quando atalhas Expressam perfeição em nosso amor.
Bebendo cada gota de suor Prevejo um mundo novo e bem melhor.
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Roubado neste sonho, uma utopia; O gosto da morena sensual. Vertendo em minha cama a fantasia Do gozo prometido, sem igual.
A boca que me roça e que me entesa Expressa a maravilha a cada toque, Amor que a gente quer e que se preza Vem de mansinho e nunca de reboque
Cadenciando o passo chego já Trazendo o coração porta estandarte A vida neste instante brilhará Reinando a fantasia em toda parte
Bebendo deste amor que não tem fim, Em pétalas divinas, meu jardim... Marcos Loures
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Roseiral da Solidão Deixei uma rosa triste. A conheci em botão, Bela rosa não resiste,
A amargura deste chão, A dor no meu peito insiste Não deixa outro jeito não Natureza chora, assiste
Essa rosa na roseira Esperei a vida inteira Meu amor nunca chegava
Rosa não desabrochava A solidão matadeira Meu amor assim, matava... Marcos Loures
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Rosas que talvez digam espinhos Espero a primavera que não veio, Meus olhos caminheiros tão sozinhos, Inútil solução, mágoa ou receio.
Sonhando com teus lábios, doces vinhos, Vislumbro em fantasia cada seio. O amor escreve em frágeis pergaminhos Deixando por resposta um ar alheio.
Ouvindo uma balada noite afora, Apenas ilusão inda decora Sem cores e perfumes meu canteiro.
Quem dera se eu tivesse entre meus dedos, O fio da meada, teus enredos. Porém não resta mais sequer teu cheiro... Marcos Loures
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Rosas brancas vertidas em sanguíneas Estorvam meus caminhos pueris, Quem sabe se seguisse essas alíneas Talvez, em conseqüência, mais feliz.
Recordo dos pilares da existência Quando em tramas inocentes não temia Agora não concebo consistência Na boca perfumada e tão macia...
As aves que trouxeram meus caminhos Depuram cada vez mais a mortalha Sabendo que me perco em tantos ninhos, Apontam para o campo de batalha...
As rosas que enrubesces com desejo, Forjando, martirizam meu versejo... Marcos Loures
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Rosácea maravilha em orifício Que se abre aos meus desejos e carinhos Depois de certo tempo, um belo vício Feito defloração nos mesmos ninhos.
Um belo cu se ganha e se conquista E quando se arreganha, um rei supremo, Que faz tão bem ao gozo quanto à vista Ao vê-lo, eu sou sincero ainda tremo
E penso nas batalhas e rodeios Nos não que temerosos tanto ouvi, Não são oferecidos como os seios, Na guerra que ganhei, também perdi
Na busca dos prazeres me alucino Ao ver da fêmea o cu, não me domino...
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Rosa, dos meus amores mais divina. Trazendo em teu perfume minha sorte. Uma gota de orvalho cristalina Nas pétalas brilhantes, como és forte!
Eu quero anoitecer em teus carinhos, Ó rosa melindrosa e tão risonha... Embora encontrarei, em ti, espinhos. Com teus olhos mais belos, alma sonha...
De todas essas flores que colhi Na comprida jornada desta vida, Os melhores aromas, só em ti. És minha rosa amada e tão querida...
Porém eu sei por certo como és rosa, Além da maravilha, perigosa...
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Rosa vermelha diz do bem querer Rainha dos jardins, ó bela flor Perfuma derramando o seu prazer De fogo avermelhando o meu amor.
A lua sobre os montes ao nascer, No sol avermelhado, um refletor Mostrando que esta noite vamos ter Na cama, tanta chama, intenso ardor.
A boca avermelhada, carmesim, Tocando minha boca vorazmente Um coração vermelho bate assim
Depressa sem juízo, inconseqüente. Eu quero teu amor só para mim, Que a noite se avermelha em sangue quente... Marcos Loures
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Rosa branca da paz no teu perfume Encontro meu desejo de carinho. Aos sítios de minha infância brilho e lume As asas me levando, passarinho...
Terrível dor profunda foi capaz De destruir meus sonhos, esperanças. Porém esta lembrança a rosa traz: Folguedos e brinquedos de crianças.
“Eu era tão feliz e não sabia”, A terra da poesia em mim morava, Sonhando com amor em fantasia Estrelas, tantas noites, eu contava...
A rosa branca, rosa da amizade, Ensina-me a viver em liberdade!
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Ronrona em minha cama uma angorá, Fazendo do meu colo um manso ninho, Cercada de vontades quer carinho E sabe que decerto encontrará
O que deseja sempre e desde já, Mudando num momento o meu caminho, Do amor que se fizer sem burburinho Beleza que jamais houve por cá.
E assim, em fartas doses de ternura, A gente não se cansa e quer bem mais. Na sensual promessa, esta mistura
Nos pelos desta gata, passo os dedos, Enquanto sutilmente ronronais Desvendo em noite clara os teus segredos... Marcos Loures
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Rondas noturnas? Sigo tal a lua, Vagando em fases tantas, várias faces, Minha alma guerrilheira continua, Metamorfoseante, quer que abraces
E foge mal surgindo outra alvorada, Ofusca estes faróis e me entontece. Às vezes noutras formas disfarçada Demoníaco rito feito em prece.
Expondo este mosaico que carrego, Nefastas maravilhas sobrepostas, E quando Id sobrepõe-se ao Super-Ego, A lua se escondendo atrás de encostas
Mimetizado, vivo entre estes nimbos, Adentro; sorrateiro, Céus e Limbos...
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Rondando toda noite, em sedução Qual fora uma falena em forte lume, Persigo tua pele, o teu perfume, Em versos verdadeiros, emoção.
Fazendo desbravar cada rincão Do peito em se sonha e se presume, A sorte de viver em ti resume Vibrando bem mais forte esta paixão.
Erguendo este troféu, amor intenso, Escolho cada verso pra dizer Do quanto borbulhando, vai meu ser
Nos olhos de quem amo, e sempre penso. Sabendo que encontrei felicidade, Navego neste mar, tranqüilidade...
59
Rondando sem sentido noite afora Vestida da esperança, seu direito... Por certo toda a noite colabora Sem ter o teu amor mais satisfeito.
Repare como a lua não demora, Repare como o mundo é do seu jeito. A pele descorando, amor aflora E toma quase tudo, contrafeito...
Amiga; não se iluda com teus medos; São vários os caminhos para o amor. Desvenda sem temer os seus segredos Se vista de energia e de vigor.
Amiga, amor nos traz uma energia, Que sempre se alimenta, em fantasia...
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Rondando por platéias mais diversas Persigo nosso espaço entre as estrelas. Nas vozes que desprezas, nas conversas Que sei que não terei como contê-las.
A velha sensação não se aproxima De ter a solidão por sobre a mesa. Retumba em meus ouvidos tanta rima Mas sinto que somente em ti, beleza...
Nos sons apaixonantes do universo Imensas profusões de sentimentos. Receba sem disfarce esse meu verso Que imerso nos sentidos, solto aos ventos.
Amor que tanto sinto inebriando, Aos poucos, sem poupar, me arrebantando
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Rondando este cometa sobre nós, Globo da Morte; roda e nunca pára Enquanto a nossa sorte for feroz O beijo não sossega, e antepara.
As mãos que se entranhando, atam nós, Não deixam que esta vida siga amara, Amarro meus desejos, ouço a voz De quem adormeceu em noite clara.
Aclaras com teus beijos, meus caminhos Estradas estendidas no quintal, A roupa da esperança no varal
Quarando em mansidão. Mature os vinhos E venha para a festa, não discuta. Da boca deste amor, mel e cicuta... Marcos Loures
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Rondando pesadelos, noite intensa Antigas tempestades ressurgindo, O amor que imaginara ser infindo Deixando a solidão por recompensa.
Vazia minha adega, na dispensa As mesmas ratazanas poluindo, Únicas comensais. Dever cumprindo A morte em treva amarga fria e densa.
Correntes arrastadas pela casa, Lareira se esvaindo em tosca brasa E o tempo sem descanso corre à solta.
Relógio não se atrasa, o fim é certo, Sequer um vento agita este deserto, Minha alma ensandecida está revolta...
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Rondando pelas noites te procuro, Meu tempo vai perdido nestes bares... Mergulho neste mundo tão escuro, As noites que sonhei perdem luares...
Intrigas e mentiras, tudo aturo, Te procuro por tantos vãos lugares... Noite fria, cansaço, esse chão duro, Talvez possa te achar nesses altares!
Não quero descansar, sou insensato... A sede que matei neste regato; Amores que percebo foram loucos...
Momentos de ternura, são bem poucos. As hóstias que me deste foram santas... As bocas que profanas já são tantas! Marcos Loures
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Rondando o paraíso te encontrei Um anjo delicado e sensual. Sorriso de menina... eu me entreguei Paixão tomando tudo. Sem igual.
Nos mares de teus braços mergulhei Num colo tão fogoso e magistral E nas asas deste anjo eu me levei E o paraíso abrindo o seu portal
Deixou que eu adentrasse num momento. Que é rápido, bem sei, mas mavioso. Numa explosão sem par, meu sentimento
Num incontido e forte; louco gozo. E o anjo sorridente quis bem mais. Eu não te deixarei – anjo- jamais! Marcos Loures
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Rondando nos botecos noite afora, Apenas na sarjeta encontro abrigo, Disfarço e vou fingindo que não ligo, Meu corpo em várias camas, busca, ancora...
Refém desta vontade, sem demora, Vislumbro em novo amor velho perigo, Verdugo de mim mesmo; assim prossigo, Buscando o que a saudade rememora.
Adubo a fantasia com teu sexo, Tentando refazer com algum nexo A vida que se perde, pouco a pouco.
A par deste vazio que hoje sou, De tudo o que eu já tive só restou Lembranças que me tornam quase um louco... Marcos Loures
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Rondando em noite intensa, vinho e gim, Bêbados caminham sem destino Não sei e nem desejo crer se vim Por ter apenas medo, e me alucino.
A dama quer a cama de cetim, E o velho debochando do menino, Afaga a velha rosa sem jardim E em plena madrugada, desafino.
Acosso os meus espectros, rio deles, E visto as mais incríveis, podres peles Uma fantasmagórica figura
Andando pelos becos e botecos, As vozes não escutam mais seus ecos E teimo nesta insana e vã procura...
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Rondando a minha vida, antiga imagem Da moça que se foi e não voltou. Agrisalhando em dor a paisagem, Esqueço por que vim, para onde vou.
A sombra do passado, uma miragem, Tomando este cenário dominou Qual fora simplesmente uma mensagem, Por um momento apenas. Acabou...
Ouvindo os passos teus subindo escada, Parece que foi ontem... Merencória A lua se escondendo não diz nada,
Imersa na neblina, me abandona. E todo o meu passado vem à tona Na noite que se esvai, a minha história... Marcos Loures
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Rompi com os grilhões do meu passado Ao ter em meu caminho,a redenção De quem há tanto tempo em ilusão, Meu canto se fez louco, enamorado.
Ao ver o teu sorriso iluminado A vida veio em tua direção Não tendo mais sequer opinião Meu peito se mostrou hipnotizado.
Agora que percebo estás comigo, Em ti nas noites frias eu me abrigo Fazendo de teu corpo manto e luz.
O verso que te faço não renega A vida que ao teu lado já se apega Em toda magnitude, amor traduz... Marcos Loures
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Romper tuas defesas e invadir Os mais sublimes cômodos da casa. Num frêmito fogoso que ao sentir No teu doce rocio já se abrasa.
Tocando esta umidade com meus lábios, Roçando a tua pele, seios, pernas. Os dedos em carinhos fartos, sábios, As horas vão passando, loucas, ternas...
O furioso vento dos prazeres Encharca a nossa cama e nos lençóis Suores que se exalam de dois seres Rebrilham muito além de vários sóis.
Numa explosão conjunta, o Paraíso Chegando de repente, sem aviso... Marcos Loures
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Rompendo sem juízo as madrugadas Sem lastros, naufragando imenso mar Delícias sem fronteiras desbravadas Permitem que se entregue sem pensar.
Não quero conceber qualquer juízo Que possa desviar o nosso rumo. Bebendo em tua boca de improviso Timão deste saveiro – amor- assumo.
Navegador de sonhos e delírios Enceto no oceano esta viagem Deixando no passado alguns martírios Desfruto esta sublime paisagem.
A sorte a quem se quer não desengana Sabendo ser a lua, uma cigana... Marcos Loures
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Rompendo para sempre tais grilhões Que podem transtornar a caminhada, Envolto nas sublimes sensações Amor já não permite a derrocada.
Na calmaria a força da atitude Que trama com pureza esta festança. Amor quando perfeito em plenitude Permite que se encontre a temperança.
Primeiro amor; ensaio para a peça Uma obra prima sempre caprichosa A cada temporada recomeça A formidável cena fabulosa
Buscando em todo ensaio, a perfeição Fantástico delírio em explosão...
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Rompendo estes grilhões que nos atavam Aos dias infelizes que tivemos Os olhos em delícias já se lavam, Do gozo da alegria enfim sabemos.
Sem ter tua presença, o que serei? Apenas um saveiro sem destino, O quanto tantas vezes procurei Deixado para trás em desatino.
A noite sem estrelas, mar desértico A vida sem sentidos, dor imensa, Enigma que se fez demais hermético A luta sem vitória ou recompensa.
Um canto sem respostas vão; vazio Inverno que se dá sem ter estio...
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Rompendo em negras nuvens a alvorada Promete tanta luta neste dia, Além do que o profeta predizia A força da batalha trama a espada.
Quem quer uma esperança enluarada, Faz do sonho além da fantasia Motivos para a glória em alegria, E vence, com vigor, a dura estrada.
Porém, a luta insana e sem motivos, Trazendo estes olhares mais altivos, Derruba num momento qualquer haste.
Entregue à ventania, uma ferrugem Criada pelas trevas que assim rugem, Condena a nossa vida a tal desgaste. Marcos Loures
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Rompemos desde já tantas algemas No canto libertário que nos guia. A vida que se mostra em mil problemas Encontra na esperança a fantasia
E deixa toda a dor que antes tivera Adormecer num canto desta casa. Deixando bem distante a dura fera A sorte renascendo em mansa brasa.
O medo de viver tanto maltrata Aquele que não sonha e nem percebe O quanto se permite e se resgata O bem que uma alegria já concebe.
Do verso que se fez em solidão Renasce bem mais forte uma ilusão. Marcos Loures
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Românticos desejos, velhos sonhos, Melífera expressão do querer bem. E quando o pesadelo, à noite, vem Voláteis emoções, ritos medonhos.
Os olhos mareados e tristonhos Clamando por resposta deste alguém Distante. Continuo tolo, sem Ter estes momentos mais risonhos.
Saudade de quem foi e não voltou. Mergulho no passado e agora sou Apenas um espectro, nada mais.
Ouvir a voz do vento que velando Avisa que o futuro, desabando, Tornou bem mais distante ansiado cais... Marcos Loures
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Românticos de Cuba na vitrola, A dança costumeira da ilusão. Se o tempo de viver não foi agora, Deixando os meus pedaços pelo chão.
Cavando a sepultura sem demora, Espero o que não tem mais solução Raiando o sol que ainda diz aurora, Percebo que não tive esta intenção
Seria o que faltasse se inda fosse O poço aonde pude recolher, Ao gosto do freguês, sou agridoce,
Mas tendo este jiló há tantos anos, Levado pela dança pude ver Depois das fantasias, desenganos... Marcos Loures
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Romântico, romântico, romântico! Rasgando o coração, esqueço a vida... No canto, teu encanto, no meu cântico, A lua dos amores, sei perdida!
Nos céus explodirei; sincero, quântico. No mundo dos meus sonhos, preferida, Nos mares dos meus mundos, onde, atlântico, Espero a tua volta em despedida...
Te procurei nas ânsias do viver, A quimera expressando minha dor, Singulares desejos sem prazer
Guardando esse infeliz como um vulcão; Desesperança explode, qual tumor; Meu peito, amargurado coração!
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Rolávamos na noite em frenesi, Dançávamos felizes nosso jogo. Tua nudez tão bela distingui Trazendo tal delírio em tanto fogo...
Trocávamos carinhos mais audazes, Te percebia inteira, do meu lado. As bocas canibais sempre vorazes Dois ases, nestas asas, doce fado.
Desejávamos sonhos tão incríveis; De tantas emoções, sobreviventes. Voávamos com asas impossíveis As bocas se pediam, lábios, dentes...
E víamos o sol perto da lua, No eclipse deslumbrante, alma flutua...
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Rolando, sideral invade a cama Estrela tão vadia e delicada, À lua em fonte clara já me inflama Deliciosamente alucinada.
Reféns desta loucura; vamos fundo Girando em carrossel, prazer e gozo, Vibrando um sonho audaz e vagabundo O tempo vai passando tão gostoso
Libidos e vontades, mil desejos, Nos cantos deste quarto, nossas vestes Por cima dos lençóis, os relampejos Delírios multicores que me destes
Tocando mansamente os meus sentidos, Caminhos em loucura percorridos... Marcos Loures
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Rolando pelos céus, raros novelos. Descendo em lantejoulas fulgurantes Tocando a maciez de teus cabelos, Espalham tanta luz que por instantes, Na louca sedução, já posso vê-los Reinando sobre a terra, deslumbrantes.
Tramando em cada face mil sorrisos, Esplêndidas, divinas fantasias, Nos lumes que se mostram; os avisos Prometem transformar os novos dias Em dias mais felizes e precisos, Vivendo as mais sublimes alegrias.
Em cada mão percebo um manso aceno, Dourando nossa vida em amor pleno... Marcos Loures
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Rolando pelas vagas, velhos mares, Armadas de delírios e desejos Sereias e serpentes nos luares, Entregam-se ao amor, profanos beijos...
Netuno em desespero, enciumado, Espera da sereia um vão carinho. Depois de tantos anos de noivado, O deus sabendo a dor de ser sozinho...
A serpe enluarada nada teme Encontra na sereia um belo par, O mar numa tsunami, em ondas treme, Explode em mil orgasmos, ao luar
Que assiste calmamente o desenlace Das caudas desejosas, no entrelace...
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Rolando neste amor qual fosse um seixo Que desce pelos rios da esperança, Do sonho mais disperso, não me queixo, Pois tenho enfim, contigo uma aliança.
O rumo que encontrara em tal desleixo Agora em novo canto, a vida alcança Carinhos que me trazes, doce feixo, Promessa tão ditosa de mudança....
Um cego se debruça em seu cajado Assim como eu procuro o teu apoio, Matando no final, amargo joio,
Restando calmamente do teu lado, Encontro em teu amor, sinceridade, Forjando na prisão, a liberdade...
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Rolando nesta cama, mil prazeres Decoram nossa noite iluminada, Expondo nossos íntimos poderes Na chama que se mostra, extasiada...
É festa que promete em mil talheres Banquete tão frenético, sem par. Serei aquilo tudo o quiseres, Apenas se permita viajar...
Me entrego aos teus desejos mais ardentes, E quero que tu sejas toda minha, Correntes do pudor; peço, arrebentes, Que a nossa vida em êxtase, se alinha...
Te quero exposta e crua em nossa cama, Que o fogo delicado já se inflama... Marcos Loures
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Rolando nessa cama, gozos vários Lambendo o teu grelinho, te chupando. Orgasmos maviosos, necessários Enquanto em fogaréu, nós dois gozando.
Teus seios em meus lábios, teus mamilos, Brincando com a xana molhadinha, Fudendo em variados, bons estilos Eu te tenho fogosa e toda minha.
Engole o meu caralho, esta buceta Que tanto desejei sem ter pudores. Desfilas o teu corpo de ninfeta Sacana se entregando em mil fulgores.
Na bela e tão fantástica paisagem A noite se transcorre em sacanagem...
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Rolando nas escadas dos meus sonhos Após ter vasculhado a casa inteira; A mão que tantas vezes foi ligeira Na busca de horizontes mais risonhos
Cerzindo de momentos vãos, tristonhos, Alcança esta esperança derradeira De ter, ao fim de tudo, a companheira Que impeça pesadelos tão medonhos.
Abertas, as janelas do meu peito, A brisa que me deixe satisfeito É feita nos recônditos de uma alma
Sincera e mais serena. Encontro em ti Aquilo que; tenaz, eu persegui, E assim, tua presença já me acalma...
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Rolando como os astros neste céu Deixando um livre rastro luminoso. Alçando neste mastro um branco véu Rompendo qualquer lastro temeroso...
Alvura de alabastro, teu sorriso, Meus sonhos nunca castro, liberdade... Te quero neste casto paraíso, Amor demais não gasto com saudade...
Teu peito fez um pasto do meu peito E todo teu repasto foi bendito. Não penses que me afasto satisfeito, Nem mesmo que me basto. Estou aflito...
Te quero, nosso amor seguindo os rastros Da lua, das estrelas, tantos astros...
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Rolando com as pedras no caminho, Imaculados sonhos, anjos, vícios. As mãos que se misturam num carinho, As pernas nos beirais, nos precipícios... Em toda a castidade proclamada, Revestes os teus sonhos de princesa. Na boca que ofereces, desejada, O rastro de delícias sobre a mesa. Nos lodos misturados, aturdidos, Profundas emoções diamantinas.. Segredos sob os mantos bem urdidos, Tremulam tuas mãos, quase meninas. E deitas do meu lado, tão gentil, No toque prazeroso, enfim... sutil...
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Rolando a noite inteira nessa cama, Teus seios delicados e gostosos Ao acender assim a nossa chama, Uma explosão de risos feitos gozos.
Emaranhados nessa louca trama Caminhos mais profanos, fabulosos. Untados de suor, delírio clama Convite para jogos maviosos...
Adentro tuas matas, vens a mim, Perfumas com prazer até o fim Mil beijos percorrendo nossas rotas.
Estrelas desmaiando vêm a nós Certeza de prazer divino algoz Na inundação divina em tuas grotas.
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Rolando a noite inteira bar em bar Entregue à mais completa fantasia, Enquanto este aguardente me inebria Começo sem limites a lembrar
O quanto fui feliz, outrora, um dia Bebendo em ilusão imenso mar, Trazendo para a cama este luar, Regando minha vida com magia...
Depois de certo tempo, estou sozinho, Apenas como amigo, amargo vinho, Promessa de uma noite mais sombria...
Assim vou repetindo esta rotina, Que a cada anoitecer já me domina: Sonhando com quem nunca me queria. Marcos Loures
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Rolando a corredeira, corpo e seixo, Marcando com ferrugens meus olhares. Se tanto não pergunto nem me queixo Eu vejo após o rio teus esgares.
Não posso te dizer que foi desleixo, Apenas abortei os meus pomares. Por tolo que pareça ainda deixo Rompante que sonegue areias, mares.
Refaço o meu caminho. Uma crisálida Pressupondo, ao final, ternura e seda. E mais que a vida amarga me conceda,
Figura tanta vez sórdida e cálida. Ourives da ilusão com mão inválida Perfaz da solidão vaga alameda... Marcos Loures
91
Rodando sobre os mares, ledos sonhos Vestidos de ilusão e fantasia. Meus dias prometidos, tão risonhos Se vertem nas estrelas, na alegria.
Eu vejo que talvez o sonho trague Tua presença meiga e carinhosa. Na ventania intensa em que se alague Em louca tempestade, maviosa...
Recendes ao perfume mais sagrado, Incenso de minha alma sonhadora; Ecoa um pensamento iluminado Que ao brilho do luar, prateia e doura.
Rodopiando o sonho encontro espaços Deitado e protegido por teus braços... Marcos Loures
92
Rodando nesta valsa que me alcança Na dança que não canso de dançar, Remoço na aliança sempre mansa Que avança e que me lança devagar...
Eu quero teu sincero beijo, afeto, Completo meu desejo com o teu; O peito satisfeito e tão completo No mar de amor imenso se perdeu...
A cura da loucura se procura E sinto que este assunto não termina. É mina que se emana na brandura E livre, me liberta e desatina.
Da tina, do quintal e do varal, Quarando nosso amor fenomenal
93
Rodando na ciranda sem parar Espaços delicados para a dança Que roda faz bem tempo, quer rodar, A fantasia preme e já te alcança.
Na dança tão robusta desta festa Que sempre se imagina fantasia, Abrindo na ciranda nova fresta Deixando a madrugada pede dia.
Eu quero esta criança que não pára, Não deixa de rodar nesta ciranda A vida tão robusta me antepara E sempre recomeça a mesma banda.
Que pede sem descanso e quer mais ar, Bem antes disso tudo começar...
94
Rodando em carrossel, gozos e risos, Num ritmo alucinante noite afora, Enquanto com prazer se comemora A entrada dos diversos Paraísos
A gente se entregando em vãos precisos, Nos portos do desejo, amor ancora Em desvario, o sonho revigora Chegando em nosso mundo sem avisos.
Na lânguida paisagem sensual, Eu vejo refletidas as vontades, Além do que supunham vaidades
De um jeito muitas vezes usual, Num frêmito divino, o frenesi Expressa todo o amor que existe em ti... Marcos Loures
95
Rodando bar em bar, a noite não termina Um riso em gargalhada atravessando as ruas. Num beco, na calçada, a cena que domina Um casal namorando atrai divinas luas.
Os olhos do rapaz bebendo da menina Beleza adivinhada em tramas belas, nuas No quadro que se pinta a noite se alucina Enquanto desejada; em mágicas flutuas...
A boca sequiosa, as mãos tão esfaimadas Na busca do prazer estrelas mergulhando Atrás de uma montanha. A mais sublime imagem
Qual fosse assim um conto escrito pelas fadas, O amor que vem nascendo e forte deslumbrando Permite a maravilha envolta em tal visagem...
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Roda mundo inventando outra saída, Que possa girassol beber a luz Na espreita enquanto fardo medo e cruz A porta se abrirá, se amor decida.
Rumino enquanto vejo minha vida Que ao léu, farta emoção quer e conduz Além do que teimoso eu te propus A noite chega mansa e distraída...
Na lápide da dor vejo o teu nome, Carinho que alivia mata a fome Deste glutão estúpido: desejo.
Se abismos transpusermos, mansidão, Mergulho em cada abraço imensidão E tramo além do mar que agora eu vejo... Marcos Loures
97
Rocios derramados nesta cama, No mel desta buceta eu me sacio, Fudendo a galopar, gozo derrama, Numa explosão sacana feita em cio.
Eu te prefiro assim, puta e vadia, Safada, me mostrando a xana e o cu, Lambendo o meu caralho, numa orgia, O corpo todo exposto, aberto e nu,
Teu gozo feito um mijo em minha boca, Meu gozo feito em leite se explodindo Tua gruta bela, úmida. Neste lindo
Momento, tu berrando como louca No orgasmo que incontido, inunda a gruta Da fêmea mais sedenta, deusa e puta!
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Rocio não permite mais granizo O tempo prometendo esta bonança Amor que vem chegando sem aviso, O coração dorido já se amansa.
Assim, não temerei qualquer tempesta, Sabendo que encontrei tanta fartura Na boca em que alegria faz a festa Um beijo delicado, com ternura.
Aurífera explosão dos sentimentos, Entraves descartados; vamos juntos. Amor tomando todos os momentos Deixando para trás velhos assuntos.
Ungüento abençoado, nosso amor, Um sonho enfim real, e encantador. Marcos Loures
99
Roçar teu corpo inteiro, costas, seios. Lambendo teu suor, prazer e gosto... Beijando-te sem medo, sem receios; O templo tão divino, assim exposto
Sentindo um arrepio onde incendeio Desejo tão ardente... nosso cio. O teu cabelo solto num meneio Tocando-me provoca um arrepio;
E beijo-te completa e totalmente, A tua cútis bela e tão macia... O quarto se abrasando... estou contente Num êxtase renasce um novo dia
Tua nudez,cansaço intenso gozo; Amor que a gente fez, maravilhoso..
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Roçando os meus instintos, sem clemência, Invade a madrugada em pesadelos. Da moça que se mostra em inocência, Sentir doce perfume em seus cabelos,
Sorvendo em sua pele a indecência Enredo-me em seu corpo, bons novelos. Esqueço o que sofri em tua ausência Tocando os corpos, peles, bocas, pêlos.
Fazendo desta noite em euforia, Volúpia enlanguescente, santa orgia Trazendo em paz sublime o que eu almejo.
Meu barco da tempesta refugia Buscando ancoradouro em alegria Aporto neste cais cada desejo. Marcos Loures
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