
Fotografias
Data 04/09/2007 22:35:30 | Tópico: Poemas
| A partir de agora vou partir como se os teus dedos fossem cor de malva;
amanhã serei sempre a fotografia que despertou da poeira das mãos.
A partir de agora vou ausentar-me do meu corpo como luz que se arrasta pelo espectro silencioso;
daqui a uma semana coroo-te com flores molhadas enroladas na prata semeada.
São tantos os sabores tantas as coisas abandonadas como semanas que são belas isoladas do mundo.
Poucos são os medos poucas as almas entorpecidas lembrando anos sem sono pintados de prazer.
Enormes são as flores acordadas e o sexo da manhã.
ouve-me: sou recorte de fotografia ferrugem de livros e alfinetes abandonados.
grita-me: és lâmina imaginada brilho de navalha e colchas ensanguentadas.
A partir de agora nomeio-te perfume nas cortinas do quarto nos tapetes de tinta.
A partir de agora todos os corpos soterrados moram petrificados no teu.
Amanhã serei a tempestade e o vício do cigarro; daqui a uma semana vou deixar de saber quem sou… nesse dia escrevo-te de novo.
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