
Marinha
Data 31/12/2010 11:11:08 | Tópico: Poemas
| As franjas prateadas a dançarem ao sabor do vento pelo canal, dão, segundo quem sabe, sinal de mau tempo. A mim não escapa A beleza rara. Meus olhos acostumados aos montes se encantam com as coisas aqui da marinha. Um ritmo diferente, um estímulo pouco encontrado, um olhar contracorrente. Da varanda me arrisco, num mergulho seco, a desvendar, pela palavra, esse oceano novo.
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Braçadas largas e firmes levam minh’alma para além do alcance da vista. Lá onde os redemoinhos engolem os sonhos. Meu corpo fica... ...aquém do limite da bóia branca que repete silenciosa o alerta materno: “Querido. Não vá além daí”.
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Desde os passos mínimos marcados na areia de Copacabana, passando pelas bebedeiras adolescentes no litoral Capixaba, pelos beijos ao luar melado nas praias de Búzios. Desde sempre há esse encantamento pelo mar. Imenso mar onde todo o peso do dia-a-dia é deixado, onde as vagas resgatam o vigor esquecido, e de onde um outro ente surge renovado.
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Eu aqui e agora Vendo as franjas prateadas Desfilarem pelo canal, sou o próprio mar. Um oceano de lembranças para onde todos os rios passados convergem, onde todas as embarcações vividas navegam, e onde a certeza do todo repousa submersa nas profundezas que meus olhos físicos não alcançam.
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Eu sou o mar... a olhar para si mesmo, da varanda, nas franjas prateadas das águas do canal.
Frederico Salvo
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