
VINTE QUADRAS DO CORAÇÃO
Data 31/12/2010 01:15:02 | Tópico: Poemas -> Reflexão
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I - Prova de amor
- Se a amo? Ora, amor, perquira Estes olhos frente aos seus. Eles dirão se é mentira. Perquira estes olhos meus!
II - Amante à moda antiga
Teci de amores um leque. Fui herói, vilão... Fiz lenda. Tenho um coração moleque Que apanha, mas não se emenda...
III - Sedução
Meus olhos são tristes, vagos, Os teus são vivos, brejeiros... Que buscam nos meus, aziagos, Os teus olhos feiticeiros?
IV - Desilusão
Esperança - tolo anseio, Por que resistes em mim? Trago ainda a taça ao meio, Devo sorvê-la até o fim...
V - Reação
Com outro a vi. Fatal dia! Fez-se de estranha, com charme. Foi o fim. Mas... Quem diria! Perdendo-a pude encontrar-me.
VI - Diversidade
Ouço os grilos... Com seus trinos, Desdenham-me a solidão. Parece que tangem sinos, Festejam a escuridão.
VII - Mal de amor
Quem ama, sofre. É o reclame Do coração que chameja. Mas, pobre do ser que ame Quando, em paga, odiado seja!
VIII - Vala comum
Na vida de tudo um pouco Eu posso dizer que fiz: Amei, lutei como um louco E morro, pobre, infeliz...
IX -Amores, amores!...
Ah, o amor dito “proibido” - Mescla de êxtase e dor!... Quanto mais é combatido Mais se obstina esse amor!
X - A imensidade vazia
Nada a dizer, nada a dar-te No dia em que fazes anos... Pobre bardo! Fica a olhar-te. Como dar-te desenganos?
XI - O poeta afaga o cão
Cãozinho amigo, ignoras As mágoas que coleciono... Bem está que assim não choras Se a chorar te afaga o dono...
XII - Senectude
Têm as noites ternos lumes? Não a minha noite, interna... Sem astros, sem vaga-lumes... Em mim dorme um sol que hiberna...
XIII - Suspiro
Ando a pensar: se ouso um verso, Ou outro, assim, de momento, Um gênio parvo, adverso, Os sopra, perverso, ao vento...
XIV - Realidade
Guarda-nos, certa, o futuro A morte, por termo ao fado. Mas o que mata, no duro, O que nos mata é o passado.
XV -Nostálgico
Olho, num velho retrato, o jovem que me sorri: tem no ar feliz o recato da fé que há muito perdi...
XVI - Enquanto o inverno não vem
A arder no peito, mais frio - sol de outono a declinar - meu sonho, um sonho tardio, abre-se agora ao luar!...
XVII - Tempestade
Sibila o vento. Troveja. Brusca, a borrasca arrebenta. E, ao mar da noite, veleja minh’alma em outra tormenta...
XVIII - Dilema
Triste dilema o do triste Amante entregue à paixão. Se a razão lhe diz – Desiste! Diz-lhe: - Insiste! – o coração...
XIX - Felicidade
Felicidade – a viela Que a vida aponta – é ilusão. Ao que rasteja, ao fim dela, A vida aponta a amplidão...
XX - Um brinde, o melhor dos brindes!
Comigo envelhecem sonhos Que nunca realizarei. Brindo, pois. Brindo aos meus sonhos. Brindo à vida que sonhei!
Ofereço as minhas Vinte quadras do coração a todos os poetas que participam do Luso-Poemas, bem como aos competentes organizadores deste importante sítio literário, desejando a todos um venturoso ANO NOVO. Que o Ano de 2011 seja coroado de êxito e traga prosperidade a todos! Abraços fraternos especiais a Karla Bardanza, Júlio Saraiva, Henrique Pedro, C. Roque Silveira, Carlos Teixeira Luiz, Belarose, Vania Lopes Aquazulis e Aline Capistrano, entre tantos outros pooetas de grande valor.
Sergio Sersank
Sergio Sersank
(Do livro "Estado de Espírito", de Sersank)
(Direitos autorais registrados e protegidos por lei)
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