
Deixar partir
Data 28/12/2010 13:50:59 | Tópico: Poemas
| Se nas saudades de hoje,quando recém te vi, só de imaginar, adivinho as do amanhã quando partirás para tão longe que triste panorama, o meu futuro encerra. E se na minha boca não soluça um pedido para que fiques, não murmura a intensidade de como te quero comigo, é que mantenho a ferros, agrilhoado e mudo, o monstro egoísta que habita em mim. Deixar voar a borboleta, consentir dividir com outros o esplendor dos seus azuis, aceitar que as plantas aspirem ao sol sem tolher a sua copa, quando esta se distancia do solo exige, coragem e covardia de um coração tensionado entre o medo e a esperança, quando o agir e o não agir convergem para uma mesma desgraça. Mundo sem sentido, sentido sem mundo. Corajoso e covarde despedir-me-ei de ti sem um pingo de certeza de ter agido com retidão. Moira, o destino, não poderá ser cobrado por mim das conseqüências dos meus gestos sem ação. Vá borboleta! Cresça frondosa arvore! A memória dos teus azuis, o frescor da sua copa altaneira sempre me informarão de ti E sempre me lembrarão, confuso, da alegria de saber que foste minha um dia e que, por um pouco, muito pouco, não o seguistes sendo.
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