
O moleque e a pipa
Data 28/12/2010 05:45:15 | Tópico: Prosas Poéticas
| Ele franze os olhos miúdos, driblando a claridade do Sol. Dá toquinhos na linha, descarrega, mergulha. A pipa está bem alta, o vento está bom. Sorrateiramente, o inimigo se aproxima. Ótimo! O moleque gosta dum desafio. A batalha começa, então. As pipas, como se vivas fossem, se bicam aqui e ali, ciscam pra lá e pra cá. As rabiolas, uma verde, outra vermelha; serpenteiam, sinuosas, no azul. De repente, uma pipa bóia. Sai planando, rodopiando, fugindo. O moleque sai em disparada. Corre olhando pra cima, saltando os buracos que sabe de cor. Desce ladeira, pula o muro, atravessa a praça! Ligeiro! Anda! Ele estanca e pragueja. Presa no fio de luz. A mãe proibiu de pegar… Volta devagar, aborrecido. Mas logo está correndo de novo, saltando os mesmos buracos, cruzando a mesma praça! Sonhando com as cores do papel de seda que vai comprar. Cola,vareta e linha! Lá na venda do seu Quinzinho. Põe na conta, tio! Amanhã tem pipa, da cor do meu time! Amanhã o Sol brilha de novo, apesar dos buracos da rua.
|
|